Com ações de incentivo, UEPG é destaque na internacionalização

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A internacionalização segue sendo um ponto de destaque na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que realiza ações em diversas frentes. Na última sexta-feira (24), o Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PPGCF-UEPG) realizou a primeira banca de defesa de doutorado em língua inglesa do PPG. 

Evelyn Assis de Andrade é egressa da graduação e do mestrado na UEPG, aluna premiada de doutorado do PPGCF. A pesquisadora apresentou os resultados obtidos pelos trabalhos desenvolvidos em dois locais diferentes: nos laboratórios da UEPG, junto ao Grupo Pharmacia Chimica, coordenado pelo seu orientador Flávio Luís Beltrame; e nos laboratórios da Universidade da Carolina do Norte (UCNW/USA), em Wilmington, durante um estágio doutoral de 10 meses no qual Evelyn foi coordenada por R. Thomas Williamson. 

Orgulhoso, o orientador destaca que Evelyn foi muito elogiada pela apresentação e defesa, bem como pelos resultados obtidos durante o período de doutoramento. “Vale ressaltar que a discente gerou três trabalhos científicos como primeira autora, relacionados ao assunto de seu doutorado (dois artigos já publicados em revistas de alto fator de impacto na área da Farmácia e um em fase de submissão) e mais cinco trabalhos nos quais contribuiu como coautora”, enfatiza Flávio.

Para Evelyn, esta foi uma experiência transformadora e desafiadora. Desde a graduação até o último dia na UEPG, foram 11 anos de estudos ininterruptos, vencendo obstáculos diariamente. “Do primeiro ao último dia, como aluna da escola pública, que entrou pelo PSS, as dificuldades foram muitas e fizeram parte do caminho, e vencer cada etapa dessa jornada tornou a chegada ainda mais especial”, conta Evelyn. “Escolhi realizar essa defesa em outro idioma para expandir o alcance do meu trabalho e para me conectar com a comunidade acadêmica internacional. Essa decisão reflete meu compromisso com a excelência e a disseminação do conhecimento sem fronteiras”, afirma a nova doutora. E completa, incentivando outros estudantes: “foi a culminação de anos de esforço e a prova de que, com determinação e apoio, podemos superar qualquer barreira. Que essa conquista sirva de inspiração para todos os que lutam por seus sonhos!”

A banca que avaliou a tese de Evelyn na linha de pesquisa ‘Avaliação Química e Biológica de Produtos Naturais’, foi composta pelos professores Flávio Luís Beltrame (UEPG), R. Thomas Williamson (UNCW/EUA), Wendy K. Strangman (UNCW/EUA), Rita de Cássia Ribeiro Gonçalves (Universidade Federal do Espírito Santo – UFES) e Vera Lúcia Pereira dos Santos (Centro Universitário Internacional – Uninter). 

Mobilidade docente

O conhecimento produzido deve ser compartilhado. Assim pensa a professora Mariza Tulio, do Departamento de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa (Deel-UEPG) que, assim como Evelyn, também realizou parte da sua pesquisa fora do país. Mariza retornou recentemente de um período de 6 meses de doutorado sanduíche na Università degli Studi Internazionali di Roma (Unint), na Itália, em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio da bolsa CAPES-PrInt. 

A professora da UEPG destaca que a mobilidade é uma das ações de grande relevância da universidade em relação aos estudantes, professores e funcionários. Sua tese, cujo título é ‘Impacto da Pandemia Covid-19 nas Práticas Pedagógicas de Professores do Ensino Superior com Formação em EMI’, trata de um tema caro à professora de Língua Inglesa: o Inglês como meio de instrução. 

Mariza explica que, diferentemente do ensino do idioma, uma disciplina que se utiliza do inglês como meio de instrução (EMI) tem como prioridade o ensino de conteúdo. “No Brasil, como em muitos países do mundo, tem surgido um interesse em ofertar disciplinas por meio de línguas estrangeiras, especialmente língua inglesa”. 

Esse movimento contribui para o que é chamado de internacionalização em casa: atividades formativas que contenham componentes internacionais e interculturais, porém que aconteçam no contexto em que se encontra o estudante, sem que haja necessidade de deslocamento para outro país. Este é um dos exemplos de como as práticas internacionais podem afetar positivamente a comunidade acadêmica.

A diretora do Escritório de Relações Internacionais da UEPG (ERI-UEPG), professora Sulany Silveira dos Santos, comenta que uma experiência internacional é extremamente válida para docentes e discentes. “Muitos dos meus colegas professores têm sido ativos em desenvolver pesquisas científicas com parceiros internacionais. Essas parcerias facilitam o compartilhamento de conhecimentos especializados e, em geral, abrem  portas para novas linhas de pesquisa”, explica. 

Mariza Tulio pretende contribuir com a UEPG na implementação de políticas de internacionalização em casa, especialmente com aulas e capacitação de professores para a utilização do EMI. Dessa maneira, será possível potencializar os índices de internacionalização das disciplinas oferecidas na Universidade, bem como estimular os estudantes a se debruçar sobre os conteúdos das disciplinas sob um novo ponto de vista. 

Para Sulany, “a visão de mundo dos alunos desses professores é ampliada, uma vez que suas parceiras internacionais podem estimulá-los e prepará-los para enfrentar os desafios globais e contribuir de forma eficaz para a sociedade”.

Mobilidade discente

Louise Caroline Fernandes Tatsch é uma das alunas que tiveram a oportunidade de estudar um período fora do país, no ano passado. A recém-formada em Agronomia retornou há pouco tempo de um período de seis meses de mobilidade estudantil internacional na Alemanha. Para a então estudante do último ano, passar um tempo no Kompetenzzentrum Obstbau Bodensee foi transformador, pois foi possível perceber um modo de trabalho diferente. “Pessoas focadas e que seguem protocolos estritamente me mostraram um ambiente de trabalho mais profissional. Além disso, tive o prazer de trabalhar com pessoas apaixonadas pelo que fazem e isso me motivou a perceber que estou no caminho certo”, comenta Louise. 

A agrônoma também relata que a barreira inicial em relação ao idioma foi rompida e que, uma vez contornada a dificuldade, ela conheceu muitas pessoas que se tornaram inesquecíveis. “No aspecto pessoal, quando você está sozinho aprende a aproveitar a sua própria companhia e, ao ser mais introspectivo, valorizar tanto suas qualidades como seus defeitos. Além disso, tive a experiência de ir a eventos internacionais e ver como a fruticultura impacta as pessoas ao redor do mundo”, completa.

É a esse aspecto de crescimento pessoal ao qual a professora Sulany se refere, quando afirma que os estudantes internacionais experimentam outras formas de fazer e ver o mundo. Louise relata que sentiu um choque, quando retornou ao Brasil. “Infelizmente, estamos num país de extrema desigualdade social, o que afeta tudo ao nosso redor. Por outro lado”, relembra Louise, “mesmo diante das dificuldades, nossa sociedade permanece alegre e calorosa e isso é essencial para prosseguirmos”.

Cooperação Internacional

O convênio com o Kompetenzzentrum Obstbau Bodensee, no qual Louise passou seis meses, é um dos mais de 60 termos de cooperação estabelecidos entre a UEPG e universidades e institutos estrangeiros. Ao todo, são 63 acordos que possibilitam a mobilidade docente e discente, na graduação e pós-graduação, nas modalidades presencial e a distância, além das pesquisas em conjunto, contribuindo para a produção de ciência e conhecimento na Universidade.

Desde 2022, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, assumiu a presidência da Rede Zicosur Universitário (RZU) – uma colaboração de 40 universidades de seis países da América do Sul: Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Peru e Paraguai. No último dia 16, foi lançada a Cátedra Aberta Zicosur Universitário, cuja proposta é integrar especialistas da RZU e dar maior visibilidade para trabalhos e pesquisas realizados nas universidades membro da Rede. 

Com uma conferência oferecida por Hernán Cortés intitulada ‘De Geicos para o Zicosur”, o ex-secretário Pró-tempore da Rede Zicosur e atual pesquisador adjunto do NAPI Trinacional apresentou um histórico de ações que culminaram na criação do Zicosur Governo e, posteriormente, na Rede Zicosur Universitário. 

Para o reitor da UEPG e atual presidente da Rede, professor Miguel Sanches Neto, “a primeira Cátedra Zicosur tem uma simbologia muito grande, porque nos apresenta as conexões entre as duas instâncias da Zicosur – Zicosur Governo e Zicosur Universitário”. O presidente reforça a importância da integração na região e de uma internacionalização solidária: “com o seu conhecimento sobre a história da Zicosur, o doutor Hernán nos apresentou a nossa existência enquanto uma região que tem uma vocação para a internacionalização solidária: não se trata de uma competição entre países e universidades, entre municípios, mas uma contribuição efetiva de todos os países, de todas as universidades para o desenvolvimento das pessoas que habitam e trabalham nas nossas regiões”. 

A diretora do ERI-UEPG informou, ainda, que estão previstos encontros mensais da Cátedra Aberta Zicosur. O próximo evento será realizado no dia 27 de junho, com foco nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. “Desta vez, o evento estará sob responsabilidade do Brasil. O tema ‘Boas práticas: mapeamento das metas dos ODS das publicações científicas’ será apresentado pelo Dr. Rafael Mattiello, assessor-chefe de Relações Internacionais e Interinstitucionais da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste) e visa compartilhar procedimentos para coleta de informações sobre pesquisas científicas desenvolvidas em nossas universidades”, explica Sulany. 

Mobilidade em números

Recentemente, a UEPG aprovou dez estudantes para a mobilidade estudantil internacional no Canadá via Mitacs, um programa que oferece aos selecionados uma bolsa integral de 12 semanas para participação em um projeto de pesquisa de uma das 70 universidades canadenses participantes. 

Esses dez selecionados compõem o número de 79 alunos em situação de mobilidade na UEPG – tanto estrangeiros matriculados em um dos campi, na graduação e na pós, quanto alunos da UEPG que estão fora do país. 

Ainda no início do ano, o Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância da UEPG (Nutead) recebeu 21 alunos via mobilidade virtual pela Associação de Educação a Distância dos Países de Língua Portuguesa (AEADPLP). Os estudantes foram recebidos em uma live de acolhida que contou com a participação de professores, pró-reitores e também da Diretoria de Educação a Distância da Capes.

A coordenadora pedagógica do Nutead e coordenadora da mobilidade virtual, professora Fátima Aparecida Queiroz Dionizio, comenta que o programa possibilita aos acadêmicos participantes ampliarem seu repertório formativo, bem como terem contato com diferentes formas de condução do processo educacional na modalidade EaD. “Além de se constituir uma importante forma de contato com novas culturas, tanto para os acadêmicos intercambistas, quanto para todos os envolvidos com cursos do Nutead-UEPG que recebem esses estudantes”.

Alunos e professores interessados em realizar um período de mobilidade estudantil internacional podem acompanhar os editais abertos nas redes sociais do Escritório de Relações Internacionais da UEPG (@eriuepg) e também na aba ‘Editais’ do site oficial, aqui. O ERI está na sala 54 do bloco da Reitoria, em Uvaranas, e atende de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h. 

Texto: Domitila Gonzalez. Fotos: Domitila Gonzalez, William Clarindo, Universidad Nacional de Salta e arquivo pessoal dos entrevistados. 


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