O bom filho não retorna à casa, permanece. Assim é a história de Marcelo Ricardo Vicari, o filho que a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) abrigou, formou e atualmente o tem no quadro de servidores. A UEPG foi literalmente a casa de Marcelo por quatro anos. Durante o período da graduação, ele morou na Casa do Estudante Universitário (Caoe). De lá para cá, são 24 anos de história. O filho permaneceu em casa depois da maioridade – fez mestrado, doutorado, liderou pesquisas e hoje auxilia na construção da instituição de ensino que o criou.
Mesmo morando em um lugar onde conviviam 30 meninos e 30 meninas, a Caoe não deixou de ser um lar harmonioso para Marcelo. “Formei muitas amizades, que ficam para a vida. Algumas pessoas que eu dividi quarto acabei me tornando depois padrinho de casamento”. Até tinham algumas festinhas, mesmo que simples, além do futebol de sábado à tarde. “A gente se organizava desse jeito para passar o tempo rápido, para poder curtir um pouco, porque a vida era basicamente só estudar”, conta.
Depois da formatura
Marcelo é paranaense, de Marechal Cândido Rondon, e por isso conhecia as Universidades Estaduais do Paraná. A escolha pela UEPG veio depois de ver o catálogo dos cursos em anúncios. A identificação por Ciências Biológicas aconteceu no mesmo instante e Marcelo passou de primeira no Vestibular. “Na verdade, eu acho que nunca tirei o pé da UEPG desde que cheguei aqui”, afirma. Os laços permaneceram depois da formatura. Em 2000, Marcelo iniciou mestrado em Genética e Evolução na Universidade Federal de São Carlos, com um coorientador da UEPG. Três anos depois, ele ingressou como professor colaborador e nunca mais saiu. “Tudo deu muito certo na minha vida, porque quando eu terminei o doutorado já tinha concurso público na área de genética e eu pude me tornar professor efetivo da casa”.
Toda a carreira de Marcelo é baseada no trabalho científico. Desde a época da graduação, como bom “nerd”, o servidor vive na sala de aula. O estudante dedicado se tornou um professor engajado na iniciação científica e na coordenação do Bacharelado em Ciências Biológicas, onde ajudou a reestruturar o curso, de 2015 a 2019. Neste período, Marcelo começou a se envolver, também, na parte administrativa. Atualmente, trabalha como coordenador pedagógico da Coordenadoria de Processos de Seleção (CPS).
Covid-19
O esforço foi recompensado. Em maio deste ano, o Luac iniciou as testagens para Covid-19. O trabalho de Marcelo ainda se desdobrou e, atualmente, ele realiza o mapeamento das variantes da Sars-CoV-2, em pacientes do Hospital Universitário. “Esta é uma conquista muito útil para a sociedade, para a educação, pesquisa e cursos de Farmácia e Análises Clínicas na UEPG”, salienta.
Conquistas
Marcelo é um servidor multitarefas. Além de atuar na CPS e no Luac, ele também orienta alunos de mestrado na área de Zootecnia e coordena a pesquisa em genética de peixes, para tentar descobrir novas espécies e ver análises moleculares novas. “E além disso tudo ainda dou aulas, que é minha paixão”, sorri. O trabalho de mais de duas décadas segue rendendo frutos. Em setembro, Marcelo foi indicado com um dos 10 mil pesquisadores mais citados na América Latina, de acordo com com o AD Scientific Index Ranking 2021. A UEPG teve 22 pesquisadores mencionados na lista. “Metido eu, né?”, brinca.
A mãe para o filho
“Eu me considero filho da UEPG. Muito provavelmente, sem a ajuda que recebi na graduação, eu não teria concluído o curso”, enfatiza. O filho atribui à mãe (a instituição) o seu desenvolvimento profissional e pessoal. “Basicamente, tudo o que sei de biologia e genética eu devo à UEPG e também do meu esforço de estudar bastante”. A UEPG também lhe deu a oportunidade de mudar de vida. “Venho de uma família muito humilde, a condição financeira era bem ruim em 1997, mas com subsídios na graduação, mestrado e doutorado, consegui me estabelecer”. Com a vida estável, Marcelo conseguiu planejar sua vida, constituiu família e tem uma vida melhor. “Sem a UEPG eu não teria nada do que tenho hoje. Posso dar o melhor estudo para minhas filhas e boa condição para minha família”, completa.
Texto e fotos: Jéssica Natal