Medicina UEPG leva serviços de saúde para aldeia indígena na região

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Geograficamente referenciada, a nossa Universidade Estadual não é apenas de Ponta Grossa. Em uma ação inédita, professores e alunos do curso de medicina da UEPG foram até a Aldeia Indígena Mococa, na cidade de Ortigueira-PR, com o objetivo de levar serviços de saúde para a população da comunidade. O projeto intitulado “Missão: Aldeia Mococa” aconteceu no dia 21 de setembro e contou com a participação de 60 alunos.

Mas como funciona o processo de atendimento de saúde das populações indígenas? Ele é feito pela Secretaria de Saúde Indígena (Sesai), que é a responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS). Para que a execução do projeto fosse possível, foi preciso uma autorização especial do órgão para a entrada dos professores e alunos na comunidade. No caso da Aldeia Mococa em Ortigueira, os serviços são executados pelo polo de Curitiba. Além disso, a Prefeitura do município também complementa, de certa forma, o atendimento e agora, com essa ação da UEPG, mais um ator vai contribuir com a saúde da população indígena na região.

O projeto é coordenado pela professora e endocrinologista Janete Machozeki, e contou também com a participação do pediatra Renato Van Wilpe Bach, da enfermeira Maria Dagmar da Rocha, da psicóloga Camila da Silva Eidan de Lima e da nutricionista Vanessa Ferreira. Segundo Janete, o objetivo da missão foi rastrear doenças crônicas não transmissíveis em adultos, dados antropométricos da população (medida das circunferências cervical, cintura e quadril), avaliação de pressão arterial; glicemias capilares nos indivíduos com indicação; verificação de sinais físicos que sugerem resistência insulínica; e imunização e distúrbios do desenvolvimento pôndero-estatural (curva de crescimento) em crianças.

“Todos os alunos tiveram uma experiência muito rica pela inserção em uma comunidade de cultura diferente, respeitando a diversidade, além de um aprofundamento no conhecimento das patologias acima citadas, aperfeiçoamento na prática de saúde pública e nas técnicas utilizadas nas ações, sempre supervisionados por professores capacitados”, destaca a professora Janete. “Foi incentivada a busca por conhecimento, a não interferência nos costumes locais, porém trazendo melhoria de qualidade de vida da população atingida pelo projeto”.

Além dos atendimentos específicos realizados pelos alunos de medicina, Janete destaca ainda que foi ofertado para a população indígena acompanhamento nutricional, sobre alimentação adequada e aplicação de questionários sobre insegurança alimentar; e também atendimento psicológico, já que a população indígena tem uma alta demanda para esse tipo de serviço com avaliação de ansiedade, depressão e prevenção ao suicídio (em alusão ao Setembro Amarelo).

Comunidade indígena avaliou positivamente a ação, idealizada por aluno de medicina

O acadêmico do terceiro ano de medicina, Guilherme Andrade Saldanha, foi quem idealizou a ação na Aldeia Mococa. Segundo ele, foi um projeto piloto e um dos primeiros que que levaram a UEPG para dentro de uma comunidade indígena na área da saúde. “Acredito que o projeto vai fazer com que desperte nos estudantes que estiveram aqui a consciência sobre a importância de levar a saúde para os lugares mais remotos. Porque nós, como futuros médicos, devemos sempre pensar na saúde de todos e não apenas dos pacientes do nosso município ou do nosso Hospital Universitário, mas de todo o estado e de todo o país”.

Guilherme agradeceu o apoio da Reitoria da UEPG, que forneceu os ônibus e os motoristas para o transporte dos alunos, da Coordenadoria de Comunicação, que registrou a ação, e da própria Sesai, que autorizou a entrada de tantas pessoas na terra indígena. “O processo não foi nada fácil, porque por si só já é burocrático. A Sesai sempre deixou claro o que seria e o que não seria possível, mas foram nossos aliados. Tivemos que protocolar o projeto na Plataforma Brasil, pois também foi um estudo para melhores práticas em medicina para essa população, e também a questão ética”, finaliza.

O cacique da Aldeia Mococa, Elielson Virgílio, ficou grato com a presença de todos os alunos na aldeia e elogiou o trabalho desempenhado por eles. “Para a nossa comunidade, foi muito importante participar desse projeto. Faz tempo que estavam trabalhando para o projeto vir para cá”, destaca.

Quem também elogiou a atuação dos alunos de medicina foi o professor bilíngue, Neno Pereira. “Eu gostei muito. Minha família e eu fomos muito bem atendidos. Outras pessoas também falaram que foram bem atendidas. Isso foi muito importante, principalmente para as crianças, a presença de profissionais de medicina e de outras profissões aqui na comunidade”, garante.

Texto e fotos: Tierri Angeluci

A ação do curso de medicina da UEPG e a divulgação desse conteúdo no site e nas redes sociais institucionais, inclusive do direito de imagem da população indígena atendida, foi autorizada, por escrito, pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) do Distrito Sanitário Especial Indígena Litoral Sul (DSEI LSUL), Antoninho Karai Delani.


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