Alunos e professores, colegas de trabalho, pais e filhos. A rotina na Universidade Estadual de Ponta Grossa não os impede de cuidar com carinho e zelo daqueles que amam. Para eles, a instituição é uma casa. No Mês dos Pais, a UEPG apresenta relatos e histórias de alguns que compartilham a experiência de viver momentos junto aos seus filhos. Eles falam sobre o vínculo que a Universidade permitiu criar e a oportunidade de acompanhar a evolução e amadurecimento de seus filhos.
Caminhos que se cruzam
Para muitos pais e filhos, a proximidade não se resume ao espaço físico da instituição, mas de trajetórias profissionais que se encontram. Alexandre Lemos, de 25 anos, é formado em Administração- Comércio Exterior pela UEPG e atualmente trabalha no setor de Logística do Hospital Universitário. Boa parte da sua trajetória na Universidade foi acompanhada pelos olhares atenciosos de seu pai, Paulo Lemos. Professor do curso de Administração da Universidade há 36 anos, ele compartilha a experiência e os desafios de lecionar ao próprio filho na instituição, que se tornou segunda casa para pai e filho.
“As expectativas eram altas, às vezes baixas, por não saber o que esperar do Paulo em sala de aula, mesmo tendo sido ele meu grande professor na vida pessoal”, declara Alexandre. Ele revela que a ansiedade de ser aluno de Paulo e o medo de desapontá-lo era inevitável, sobretudo por conhecer o trabalho de seu pai pelo contato com egressos de Administração, que lhe revelavam o ótimo professor que Paulo é, desde antes de seu nascimento. Tudo o que escutava sobre seu pai foi confirmado quando tornou-se seu aluno: “Quem é filho de professor trata a profissão com mais valor. Em casa, ele sempre falava com muita empolgação sobre seu trabalho e pude ver esse amor pela profissão”.
Para Paulo, não há recompensa maior que acompanhar a caminhada de seu filho e perceber que ele está enfrentando novos desafios com determinação. Ele observa que esta mesma caminhada de Alexandre se assemelham à sua própria trajetória: “Nós dois somos cria da UEPG, eu em Ciências Contábeis, ele em Administração. Eu iniciei minha carreira como professor colaborador, ele como servidor temporário no Hospital. Hoje estou no final da minha carreira, ele está iniciando. Tudo isso na instituição que nos acolheu e para nós é uma grande família”, declara.
Na formatura, foi das mãos de Paulo que Alexandre recebeu o diploma. Dos anos de graduação, fica o aprendizado: “Agir com responsabilidade, empenho, dedicação e honestidade, zelando pelo nome da instituição em que trabalha. Não se trata apenas de valorização profissional, mas de contribuir e servir a sociedade”. Para Alexandre, a maior qualidade de seu pai é o seu altruísmo. “Ele sempre pensou em nós primeiro. Tudo o que ele fez, todas as dificuldades que ele passou, fez pensando em mim e na minha irmã. Ele é meu maior espelho e desse modo quero ser para meus filhos e pessoas próximas”, declara Alexandre.
Conexão
Aos finais de tarde, a entrada do Centro de Atenção Integral à Criança e Adolescente (Caic), no Campus Uvaranas da UEPG, é movimentada com os passos de famílias que buscam suas crianças. Este momento do dia propicia uma cena que já se tornou cotidiana por todos que passam pela Universidade: o servidor Jaison Fernando Martins, caminha em direção à Reitoria, levando às suas mãos seus dois filhos, Camila de sete e Guilherme de quatro anos. Jaison, que trabalha na Pró-reitoria de Graduação (Prograd) da UEPG, é conhecido e admirado pelos colegas de trabalho pela proximidade com suas crianças.
Camila e Guilherme são figuras conhecidas pelos servidores da Reitoria da UEPG, pois passam tempo no local de trabalho do pai após a aula. “É uma experiência interessante, porque poucos filhos chegam a conhecer o local de trabalho dos pais. Aqui eles aprendem a usar o computador, desenham e enfeitam a sala com os seus desenhos”, brinca. Para Jaison, esta proximidade permite acompanhar com mais proximidade o crescimento de seus filhos e apoiar o desenvolvimento deles na escola.
“Um privilégio e uma oportunidade única”, é a forma que Jaison define a proximidade com seus filhos. Ele descreve a relação com seus filhos como sendo um vínculo afetivo, envolto de muitos cuidados. “A Camila é muito atenciosa e dedicada e o Guilherme é mais comunicativo. Estar próximo deles e do ambiente de aprendizado deles ajuda a perceber essas características e o desenvolvimento delas. Se trabalhasse longe deles, perderia muitos momentos preciosos”, declara Jaison.
Aprendendo juntos
Gonçalo Cassins é graduado em Educação Física na UEPG e professor do curso. Sua filha, Arthemis Distefano, é advogada, também formada pela Universidade, e atualmente trabalha para a Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi). Mesmo ocupando espaços diferentes dentro da instituição, pai e filha descrevem a forte conexão, que cresceu graças à Universidade, até mesmo antes de Arthemis se tornar acadêmica. Desde pequena, ela frequentava o Campus Uvaranas, participando de eventos acadêmicos junto aos seus pais Gonçalo e Fabiane Distefano, assistindo às aulas deles, em Educação Física. O contato com a profissão dos pais despertou o amor pelo esporte na filha, que por muito tempo praticou artes marciais, inspirada pelo conhecimento transmitido em casa.
“Na época do vestibular, não tentei passar em Direito em outra universidade, porque a UEPG sempre me trouxe a sensação de casa, acredito que por ter crescido escutando meus pais falando sobre com empolgação”, declara Arthemis. Para seu pai, a entrada de Arthemis na UEPG foi um momento de imensa alegria: “Fiquei feliz, primeiro por ver a dedicação dela recompensada com a aprovação em uma universidade pública e de qualidade. Segundo, por saber que se tratava de um curso com grande tradição e de reconhecimento nacional e internacional. Terceiro, por perceber nela a mesma admiração e respeito que tenho pela nossa instituição, pois mesmo tendo sido aprovada em outro curso e outra instituição, ela escolheu a UEPG”!
Para pai e filha, a convivência dentro da Universidade, mesmo que em locais diferentes, permitiu a troca de conhecimentos. “Foi uma experiência muito interessante, pois pude conhecer um pouco mais sobre a área que ela escolheu, as rotinas que tinha, as exigências. Pude enxergar a universidade pelos olhos dela e isso foi enriquecedor”, destaca o professor Gonçalo. Além de lecionar em Educação Física, ele é professor do Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais Aplicadas da UEPG, o que o aproximou ainda mais com sua filha quando ela se tornou acadêmica. “Mesmo em áreas do conhecimento diferentes, a troca de conhecimentos foi mútua”, reforça a advogada.
Determinação é a palavra que pai e filha utilizam para descrever um ao outro. Mesmo à distância, Gonçalo pode acompanhar a evolução de sua filha dentro da Universidade e ressalta a dedicação que Arthemis sempre demonstrou e levou para dentro da graduação. “Não é simples para os pais entenderem que seus filhos crescem. Mas pude acompanhar, as alegrias, as frustrações, as angústias dela e reconheço a mulher forte que se tornou: uma profissional compromissada, de caráter. Sem dúvida a vivência universitária contribuiu para isso”, exalta o professor, orgulhoso. A convivência de Arthemis com professores a ajudou a compreender e valorizar mais o trabalho de seu pai.
“Pude ver o quanto ele se dedica a ser um bom profissional e um bom pai. Agora que trabalho na universidade, passei a enfrentar desafios que ele enfrentava a tempo, então nossas vivências frequentemente se complementam”. Esta mesma dedicação e comprometimento com o trabalho que observa em seu pai é, segundo Arthemis, é a qualidade que mais admira nele. Quando pensa na lição mais valiosa que gostaria de dedicar à sua filha, Gonçalo declara: “Quero que ela entende que, mesmo nos momentos mais difíceis, ela não esqueça quem é. Que o mundo não determine seus valores e que sempre tenha orgulho do que conquistou!”
Texto: Gabriel Miguel | Fotos: Arquivo pessoal