Milene, que também é presidente da Associação Brasileira de Terapia Comunitária Integrativa (Abratecom), trouxe aos vereadores e ao público que acompanhou a sessão dados e informações acerca das Práticas Integrativas e Complementares (PICs), justificando sua implantação no sistema municipal de saúde de Ponta Grossa
As Práticas Integrativas, segundo Milene, são uma política da Organização Mundial da Saúde (OMS) que existem a década de 1970. “Existe um estímulo para que todos os países membros da OMS implantem essas práticas”. Atualmente, 98 países possuem política nacional de Práticas Integrativas, que são recursos terapêuticos para a prevenção e tratamento de doenças, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade. “Elas são pautadas e centradas na pessoa, promovem bem-estar e a saúde como bem social, pautadas em práticas que são eficazes e seguras”, explica Milene.
Atualmente, o Brasil tem 29 PICs aprovadas: o país com o maior número de Práticas Integrativas aprovadas em seu Sistema de Saúde no mundo. Em Ponta Grossa, já estão previstas rodas de terapia comunitária no Plano Plurianual de Saúde. “Nas últimas duas Conferências Municipais de Ponta Grossa, nós tivemos já a aprovação pelo Controle Social, pleiteando para que essa Casa e o executivo também aprovem a política municipal de PICs”, complementa Milene.
Na oportunidade, Milene expôs que os principais focos de atuação das PICs são “principalmente o campo da Saúde Mental, em segundo lugar para dor crônica, em terceiro lugar doenças crônicas – em especial hipertensão e diabetes – e em quarto lugar os cânceres”. Ela comprovou a atuação e eficácia do tratamento com pesquisas científicas de Universidades reconhecidas no mundo todo. “A gente tem aumentado e muito a produção acadêmica a respeito da área”, afirma.
Um ponto que chamou a atenção dos vereadores foi quando Milene apresentou informações sobre o consumo de psicotrópicos pela população ponta-grossense, sendo a Fluoxetina, remédio para depressão, o medicamento mais utilizado no município. Além disso, Milene expôs que a fila de espera para psiquiatria e psicologia infantil no Ambulatório de Saúde Mental do município chega a quase mil pessoas. “São questões que envolvem sofrimento mental, transtornos mentais leves e moderados, o que são resolvíveis com as práticas integrativas”, explica. Com a implantação das Práticas Integrativas na Saúde Municipal, Milene prevê que em um ano seria possível acabar com a fila de espera do Ambulatório.
Proposta bem recebida
Com as informações apresentadas na tribuna, a coordenadora do ASI-UEPG questionou os vereadores ponta-grossenses: “Se a gente tem uma política Nacional e uma política estadual, então temos respaldo político para que essa política seja aprovada. Se existe uma demanda social enorme, ainda mais pós-covid, todo mundo se sente adoentado e precisa de cuidados em saúde, então existe uma demanda. Se existe evidência científica de que essas práticas são boas e se a gente consegue provar que elas são mais baratas e menos iatrogênicas que as que estão sendo disponíveis pela nossa Rede de Atenção à Saúde, a questão é: Por que não aprovar a Política Municipal de Práticas Integrativas?”.
O questionamento foi elogiado por alguns membros da Câmara, como o presidente Daniel Milla: “Eu gostaria de parabenizá-las publicamente. Eu estou há quatro anos como presidente da câmara de Ponta Grossa, e eu nunca vi uma instituição trazer um pedido com todos os documentos completos como vocês fizeram. Parabenizo pela organização, porque se nós queremos cuidar da população, principalmente da saúde da população, no mínimo nós temos que sair com o conhecimento da nossa própria casa, e vocês fizeram isso com zelo e estão de parabéns”.
O vereador, Dr Erick, que apoiou Milene na moção, afirmou que a proposta é bem estruturada e deve surtir frutos no futuro: “Estamos bem empenhados mesmo. Pode ter certeza de que vamos trazer coisas boas para vocês aí”. O vereador também ressaltou os dados sobre o uso de medicamentos no município. “Muito obrigado a todo mundo que participa dessas políticas de Práticas Integrativas de diminuição de dependência química, porque é uma dependência química o uso abusivo de medicamentos, o uso intensivo muitas vezes sem necessidade ou com doses muito altas”.
Da mesma forma, Geraldo Stocco ressaltou dados sobre o uso de medicamentos no município e destacou a importância das PICs como alternativa ao tratamento de diversas doenças. “Parabenizo a todos que estão fazendo a diferença na sociedade onde infelizmente tantos químicos são distribuídos, as pessoas buscam por isso, e essas práticas integrativas vem para ajudar e para salvar muitas pessoas”.
A apresentação também rendeu elogios do vereador Felipe Passos e da vereadora Joce Canto, que utilizou sua comunicação parlamentar para parabenizar Milene. “Estou encantada com as palavras e com o trabalho que ela trouxe até essa casa de leis”, definiu. Joce falou que já vivenciou muitas das Práticas Integrativas e reafirmou a importância e eficácia das mesmas: “A medicina alternativa tem o poder de salvar vidas e ela salvou a minha”.
Para a proposta apresentada, Milene agradeceu a parceria da UEPG, Pró-Reitoria de Recursos Humanos; Departamento de Saúde Pública; Secretaria Municipal de Educação; 3ª Regional de Saúde; Núcleo de Estudos em Saúde Pública (Nesp); Fundação Municipal de Saúde; Conselho de Farmácia; Rede PICs Brasil e Associação Ponta-grossense de Letras e Artes (Apla); além dos terapeutas presentes na sessão em apoio.
Homenagem à professora Dione Navarro
Na mesma sessão, a professora aposentada Dionezine Navarro, do Departamento de Farmácia da UEPG, foi homenageada pela Câmara de Vereadores de Ponta Grossa com uma Moção de Aplauso.
“Hoje vamos entregar à professora a Moção de Aplauso, honraria que aprovamos em unanimidade aqui nesta casa – já agradeço a todos os vereadores pela sensibilidade de reconhecê-la, que é uma pérola da nossa cidade, uma pérola da literatura da cultura, das artes. Então Dione você é um orgulho para Ponta Grossa”, afirmou o vereador Dr. Erick.
A professora Dione também atua no ASI com Práticas Integrativas, atendimento, prescrição de florais e cursos sobre o tema. O vereador Dr. Erick relembrou a contribuição da professora para a área da Saúde em Ponta Grossa. “A Dione também desenvolve um trabalho com as Práticas Integrativas, então o trabalho dela vai muito além do ensino, da educação, abraça a área da cultura, inclusive com braços na área da saúde, fazendo a diferença na nossa cidade”.
Texto e fotos: Cristina Gresele