Os alunos da Licenciatura em Ciências Biológicas aguardaram o ano inteiro pelos últimos dias. De segunda (07) a quarta-feira (10), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebeu exposições científicas com um toque de criatividade. Quem compareceu ao Centro de Convivências e Centro Integrar aprendeu sobre os animais, vida humana, água, alimentação e meio ambiente, com a Mostra de Laboratório de Ensino de Ciências e Biologia.
Na terça-feira (08) foi dia de receber o público para as exposições nos estandes. Em um deles, estava uma fada, com orelhas pontudas e glitter no rosto. Ela recebia os alunos na tenda chamada Jardim Secreto. Toda a magia era com propósito: mostrar as fases de transformação das borboletas. “Queríamos trazer esta vibe da natureza, então estamos de elfas, para contar histórias”, conta a aluna Iasmin Pimentel dos Santos, a fadinha que recebia os visitantes. No dia anterior, a montagem levou o dia todo. “Foi trabalhoso, saímos aqui pela noite, mas é muito gratificante, porque usamos o máximo de criatividade possível para passar o conhecimento adiante”.
Para além de divulgação científica, a Mostra busca despertar a vocação dos alunos à docência. Mayara dos Santos conta que não imaginava que o mundo da Licenciatura em Ciências Biológicas seria tão dinâmico. “Eu terminei meu Ensino Médio pelo supletivo, então participar de um evento científico assim é algo muito novo”. Ela e os colegas mostraram trabalhos sobre tratamento da rede de esgoto, e toda a pesquisa aconteceu desde o início do ano. “A gente acaba aprendendo primeiro, para depois passar para os visitantes, e com certeza me senti muito mais incentivada a seguir na carreira como professora”, destaca. Na Mostra de Biologia, os primeiros e segundos anos ficam responsáveis pela escolha dos temas, montagem e apresentação nos estandes. Os terceiros e quartos anos trabalham na organização do evento e no auxílio aos primeiros anos. O quarto ano ainda treina apresentação dos TCCs no último dia de evento.
“A Mostra é o maior evento da Licenciatura em Ciências Biológicas, pois reúne todos os alunos para um evento em comum”, ressalta o professor Rodrigo Silva, um dos coordenadores do evento. Neste ano, a Mostra trouxe como tema os problemas ambientais enfrentados pela população. “Recebemos cerca de 500 estudantes do ensino básico da região para conhecer nossos trabalhos e ficamos muito felizes em ver todos entusiasmados”. A Mostra é uma das oportunidades de contato direto com a experiência da docência, como destaca Rodrigo. “Acreditamos que eles vão se tornar professores melhores, e é isso que a gente almeja com essa atividade, que eles entrem em contato com os estudantes”. Os alunos dos primeiros anos são preparados pela disciplina de Laboratório de Ensino, ministrada por Rodrigo e pelo professor Márcio Ohira.
Consequência de alunos brilhantes
São 16 edições, que foram apenas interrompidas na época da Pandemia de Covid-19. A professora Melissa Koch lembra de quando tudo ainda ocorria na sala M 93, que hoje não existe mais. “Estávamos eu e uma outra colega professora avaliando o trabalho dos alunos e vimos que os trabalhos estavam muito bons e precisávamos expor isso tudo aquilo, nem que fosse no corredor do Bloco M”, recorda. A primeira edição foi dentro da sala, de uma forma mais singela, com cartolinas. “Aí o espaço foi ficando pequeno para o tanto de pessoas que recebemos”. Com o crescimento do evento e a vinda de professores da disciplina de Laboratório de Ensino, a Mostra tomou maiores proporções. “Eu me afastei para realizar outras atividades, e hoje retorno apenas como avaliadora dos estandes, e é algo emocionante ver como tudo cresceu e toda a animação dos alunos”, sorri.
E não é somente a professora que se emociona. A acadêmica Lorena Pitela, do terceiro ano, não esconde que a Mostra é seu evento favorito. “Sou muito suspeita para falar, porque eu tenho um carinho muito grande pela Mostra. Foi ela que me fez ficar na Licenciatura, e eu me encho de orgulho em ver meus calouros fazendo as coisas, porque dá pra ver que eles se empenham bastante é muito bonito ver o trabalho de todo mundo no evento”.
Quem visita, adora
Além da avaliação dos professores, os alunos do ensino básico também podem votar no estande que mais gostou de visitar. Amanda de Castro Dias, do oitavo ano do Colégio Arnaldo Jansen, disse que já sabe qual curso vai fazer quando presta Vestibular. “Claro que Biologia, né?”. Ao passar pelas exposições, ela conta o que mais gostou de aprender: “gostei de diferenciar os animais pelas cores, e também vi como são as diferenças dos ursos e das onças”.
Para a professora do Colégio, Tânia Serenato, a Mostra foi o momento perfeito para unir a teoria e a prática. “O evento trouxe novidades que enriqueceram até a minha prática pedagógica, pois tem algumas curiosidades que foram novas até para mim”. Segundo ela, o ponto principal do evento foi a aproximação da Universidade com a comunidade. “Eu fiquei muito feliz, porque você vê que eles realmente aprenderam o conteúdo, a partir do momento que eles respondem nossas questões, então é muito bom trazer meus alunos para aprender ciência de um modo diferente”.
Texto e fotos: Jéssica Natal