Kauane, acompanhada pela mãe, Joelma Costa, conta que tinha problemas respiratórios, como falta de ar, respirava pela boca e roncava bastante ao dormir. “Sempre que eu choro, tranca meu nariz”, reclamou. Animada com a perspectiva de respirar melhor, já estava pensando na brinquedoteca do Hospital, cheia de livros e brinquedos. A tão aguardada cirurgia veio após uma espera de quase cinco anos, prolongada pela suspensão de cirurgias eletivas durante a pandemia de Covid-19.
“Por mais de 30 meses ficamos impedidos de realizar cirurgias eletivas e nossos Hospitais se voltaram ao atendimento à Covid-19”, lembra a diretora geral dos HUs da UEPG, professora Fabiana Postiglione Mansani. Os mutirões são importantes para fazer a fila de espera por cirurgias eletivas girar com uma velocidade um pouco maior. “É um esforço por dar retorno para a comunidade, pensando que essas crianças estão no aguardo das cirurgias e precisam ter uma melhor qualidade de vida”.
“As doenças da amígdala e da adenoide são doenças muito prevalentes. É muito comum”, conta o médico otorrinolaringologista João Eduardo Garcez Maestri. “Em quase toda família, vamos encontrar alguém que tem ou já teve algum problema de amígdalas”. Com isso, a demanda pelos procedimentos cirúrgicos é grande, segundo o médico, que é um dos organizadores do mutirão. Uma equipe de médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem está sendo mobilizada para dar conta dos mutirões, procedimentos que ocupam mais de uma sala de cirurgia de forma ágil.
A pequena Emily, 6 anos, finalmente conseguiu realizar a cirurgia, depois de 3 anos de espera. Ela, que tem Síndrome de Down, estava com o procedimento agendado quando começou a pandemia de Covid-19 e precisou esperar. “Depois que liberou tudo, ela veio fazer e estava com muita gripe, então tivemos que esperar de novo”, conta a mãe, Marilda Dias dos Santos. Agora, a expectativa é por voltar a comer tudo que gosta, sem se preocupar com engasgos. “Ela está doida para comer pão”, brinca.
Texto e fotos: Aline Jasper