Os segredos do universo foram desvendados na noite desta quarta-feira (21), no Observatório Astronômico da UEPG. A “Noite com as Estrelas” teve a palestra “Vida na Terra e Além”, com a egressa Caroline Antunes Rosa. O encontro debateu a possibilidade de formas de vida no universo para um público atento que lotou o auditório. Ao final, os participantes puderam observar a Lua, estrelas e Júpiter, com os telescópios na parte externa do prédio.
A doutoranda explica que existe, sim, a possibilidade de vida fora da Terra. “E também em outros planetas aqui no sistema solar, como Marte, em Luas de Júpiter e Saturno, e em exoplanetas, que são planetas fora do sistema solar”. Para que isso seja possível, a primeira condição é ter água líquida. “A água tem que existir em estado líquido para que as reações químicas possam ocorrer naquele ambiente”. Esta possibilidade ainda não foi comprovada para além da teoria. “Mas acredito que, nos próximos 20 anos, talvez nós estejamos mais próximos de identificar se existe vida em algum lugar”.
Carlos Renan Stocco estava atento à palestra. “Acho que é muito importante pra gente, que é leigo, tirar dúvidas de coisas que a gente tem muita curiosidade. A gente conseguiu saber mais sobre o universo e questionar sobre vida fora da Terra”. Aluno da Licenciatura em Biologia, Carlos já teve aulas com o professor Marcelo Emílio, coordenador do Observatório Astronômico. “A aula dele é muito divertida, muito legal. Ele faz alguns teatrinhos pra deixar um pouco mais didática, e ao mesmo tempo ele explica muito bem”, conta.
“Explicar bem” é uma das especialidades de Marcelo Emílio. A outra é fazer descobertas científicas que mudam o que se entende do universo. Além de participar da primeira descoberta brasileira de um planeta fora do Sistema Solar, ele ainda mediu o tamanho do sol com a maior precisão da história. Depois de quase 10 anos pesquisando, em 2012, ele descobriu que o sol é 700 km maior do que se imaginava. De acordo com os cálculos, o Sol tem mais de 1 milhão e 300 mil quilômetros de diâmetro, o que equivale a 109 vezes o tamanho da Terra. “A vida na Terra depende do Sol, então se ele tiver uma pequena variação de temperatura ou brilho, isso vai afetar a temperatura da Terra. Com essa descoberta, pudemos descartar que o aquecimento global tem participação do Sol, por exemplo”.
A descoberta foi feita com auxílio de telescópios da Nasa, que enviou imagens para serem analisadas nos computadores da Universidade. O Observatório também recebe imagens de telescópios que estão no alto de montanhas, além de ter uma estrutura para observação própria. “Então a gente pode ser competitivo. Outros brasileiros já fizeram descobertas de exoplanetas inseridos em grupos internacionais. E você poderia pensar que a descoberta poderia acontecer São Paulo, Rio de Janeiro ou Minas Gerais, mas aconteceu aqui, porque a gente tem condição de ser competitivo de maneira científica”.
Tanta descoberta relevante desperta o olhar curioso em todas as idades. Elisah Santiago, de 7 anos, estava acompanhada dos pais e observou admirada a palestra de Caroline. “Eu aprendi que estão tentando procurar vida em alguns planetas e até acharam água em Marte”, sorri. Uma pequena notável já tem sonhos sobre o que fazer no futuro, influenciada pelo que aprendeu na palestra: “Quero ir pra Marte ainda criança e também quero ser médica pra descobrir a cura do câncer”.
Texto e fotos: Jéssica Natal