A neta Cinthia Isabeli de Paula Machado conta que Dona Jesus lembrava com carinho dos tempos de UEPG. Logo após o início de sua carreira na Universidade, a servidora foi transferida para o Centro de Criatividade, que na época funcionava em frente ao Hotel São Marcos. “Falava com muito carinho de seus chefes, seu Madalozzo e professor Gilberto. Também tinha a dona Maria de Geus, professora de piano, a professora Rose, que dava aula de violão, professor Sidinei que dava aula de pintura, o seu Gabriel da Orquestra Sinfônica, enfim, entre outros que ela sempre citava e sentia orgulho”, lembra Cinthia. Alguns anos depois, foi transferida para o Museu Campos Gerais, onde trabalhou até se aposentar. “Ela falava do famoso Fenata, em que ficavam alojados no quartel 13º BIB e ela ia cuidar dos atores e atrizes”.
O carinho e orgulho relacionados aos companheiros de trabalho só ganhou reforço quando Dona Jesus passou por tempos difíceis. “Em 1988, ela precisou passar por uma cirurgia de emergência, precisou fazer uma traqueostomia. Nesse período ela contava que sempre teve o apoio dos chefes, em especial o prof. Gilberto, e toda a equipe onde trabalhava, pois precisou ficar um tempo afastada”, lembra a neta.
“Ela deveria viver uns 150 anos, pelo menos”. Para a colega dos tempos de Museu Julia Folmer de Andrade Ribeiro, a conexão e amizade foram instantâneas. “Conheci ela no meu primeiro dia de trabalho, e já senti ela como uma mãe, para mim”. Foram 40 anos de amizade, que se desdobrou para além da companhia para o trabalho – quando nasceu a filha, Angelita, foi natural chamar a amiga para batizá-la. “Era uma pessoa incrível, muito generosa, bondosa, alegre, profissional, nunca se meteu em confusão com ninguém, toda vida tinha todo mundo como amigo”, lembra Julia. No trabalho, era dedicada e eficiente. “Dava o sangue pela Universidade, era muito eficaz. Foi muito bom trabalhar com ela”.
“Ela sempre teve orgulho de ter trabalhado na UEPG”, garante a afilhada. “Sempre falava com amor e carinho do quanto que a UEPG ajudou ela na vida e as pessoas que passaram a trabalhar com ela durante o período que ela esteve na instituição”.
Uma mãe e avó exemplar, mulher de fé, pessoa acolhedora, profissional cuidadosa, colega carinhosa: é assim que é lembrada a Dona Jesus. “Era mãe de um filho só, meu pai Sidney, mas sua casa sempre estava repleta de crianças, família, parentes e amigos, que sentiam um carinho enorme por ela e que sentavam para ouvir suas histórias”, conta a neta. “Ela se foi, mas deixou um grande legado, e um deles é dar valor às pequenas coisas e aos pequenos gestos, e aproveitar a vida ao máximo, pois como ela mesma falava, não sabemos quanto tempo ainda nos resta nessa terra. Ela cumpriu sua jornada aqui, mas o seu exemplo e história de vida será levado por gerações”.
Texto: Aline Jasper | Fotos: Arquivo Pessoal