UEPG lamenta falecimento do artista Flávio Fanucchi

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A cultura de Ponta Grossa perdeu um pouco de cor. Na madrugada desta terça-feira (03), faleceu o artista Flávio Fanucchi, aos 66 anos. O corpo foi velado na Capela São José e o sepultamento aconteceu às 10h, no Cemitério São José. Ator, cantor popular e clássico, compositor, diretor de teatro, produtor cultural, professor de teatro, Flávio era um artista multifacetado e fez parte da história da cultura ponta-grossense.

Fanucchi era graduado em Letras pela Universidade Paulista, em Serviço Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Comunicação Social pela Fundação Educacional de Bauru. A Secretaria Municipal de Cultura de Ponta Grossa emitiu nota de pesar, em que destacou a atuação do artista completo em inúmero espetáculos e concertos, além de projetos de formação de atores e de grupos de teatro. O artista ocupou também o cargo de diretor de práticas artísticas na Fundação Cultural de Ponta Grossa.

“A Arte e a Cultura de Ponta Grossa amanheceram incompletas”, lamenta o diretor de Assuntos Culturais da UEPG, professor Nelson Silva Junior. Flávio participou de incontáveis edições do Festival Nacional de Teatro (Fenata) e do Festival Universitário da Canção (FUC). “Hoje perdemos um grande expoente, atuante no Teatro e na Música desde o final dos anos de 1970. Sempre nos impressionou pela sua bela e potente voz, além do seu carisma que marcou aqueles que o conheceram e trabalharam com ele. Flávio Fanucchi merece nosso reconhecimento e respeito como parte importante do cenário artístico local”.

No IV Fenata, em 1976, debate após a peça “A Festa”. Fanucchi é o primeiro sentado no chão à esquerda, usando óculos e com o cabelo comprido.

“Como reitor e escritor, me somo aos familiares e amigos para enaltecer a trajetória deste artista sempre inquieto”, declarou Miguel Sanches Neto. “Flávio Fanucchi se confunde com a cultura ponta-grossense, tendo sido uma figura muito atuante na cena local, que marcou gerações. Integrado aos eventos culturais da UEPG, foi um ícone para todos que militavam na área”.

A homenagem derradeira do amigo Alberto Portugal, secretário de Cultura de Ponta Grossa, lembrou uma trajetória alegre e talentosa. “Flávio Fann saiu de fininho, deixando a cultura menos colorida, menos intensa e menos histérica. ‘Histérico é teu rrrrrabo, mon Cher!’ – diria ele, aos risos”, disse, sobre o parceiro de palco. “Em ‘Decadência’, apresentamos ora pra plateias imensas, ora pra uma pessoa só, e fizemos a coisa mais incrível acontecer… as pessoas saíram dos teatros entendendo que nunca é tarde pra correr atrás do sonho e que a vida não pode ser só pagar boletos. Com a morte de Flávio, morre também um pedaço importante de mim. Obrigado, Titia. Todos os aplausos e um beijo onde estiver. A sua história será lembrada por muitos”.

O artista Celso Parubocz usou as redes sociais para lamentar o falecimento do amigo. “Deixou uma linda história na Cultura local, músico, ator, sua voz, suas performances serão lembradas pelos amigos que conviveram e acompanharam sua trajetória”, comenta. As marcantes apresentações de Flávio Fanucchi fazem parte da história da cultura local. Maria Fernanda Barreto destaca que o artista “marcou meus tempos de juventude e vida adulta quando ele cantou no FUC, München Fest e em muitos locais de Ponta Grossa, assisti inúmeras peças com ele atuando. Grande artista! Ele era muito divertido”.

Um artista completo

O início da carreira artística começou ainda na adolescência, aos 14 anos, quando Flávio ingressou no Grupo de Teatro Prof. Altair Mongruel. Dois anos depois, já escrevia, produzia e dirigia seus trabalhos, fundando o Grupo de Teatro Jufra (do movimento católico Juventude Franciscana), e mais tarde, o Grupo de Teatro Amador do Serviço Social do Comércio (Sesc-PG), onde trabalhava como monitor de apresentações artísticas. Em 1982, se profissionalizou como ator e diretor de teatro.

Dentre as dezenas de espetáculos em que atuou ou dirigiu, o artista destacou “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, de Arrabal; “Seis Personagens à Procura de um Autor”, de Pirandello; “Entre Quatro Paredes”, de Sartre; “O Defunto”, de Reneé de Obaldia, “Romeu e Julieta”, de Shakespeare; “Um Grito Parado no Ar”, de Guarnieri; “A Importância de ser Prudente”, de Wilde; e “Um Bonde Chamado Desejo”, de Tenessee Willians. Com a peça “O Noviço”, de Martins Pena, Fanucchi recebeu o prêmio de Melhor Ator no Festival Nacional de Teatro (Fenata).

Flávio dirigiu o Grupo de Teatro Universitário da UEPG foi dirigido por Flávio a partir de 1995; e fundou o Grupo de Teatro Amador Municipal (GTAM) em 1998, quando atuava na Secretaria de Cultura de Ponta Grossa. Como o próprio artista comemorava, o GTAM “nasceu como o maior grupo de teatro amador do Estado, com 156 integrantes”. Foi, ainda, professor do Curso Permanente de Teatro do Conservatório Dramático-Musical Maestro Paulino Martins Alves de 1998 a 2005.

Na música, Flávio Fanucchi é lembrado pela voz marcante. Formado como cantor clássico em abril de 1985 pela Academia de Música Carol Ferreira, juntou-se à Ordem dos Músicos do Brasil. Ganhou prêmios de melhor intérprete em diversos festivais de música do Paraná, São Paulo e Santa Catarina. Realizou concertos e recitais com Orquestra de Câmera e de 2001 a 2005 foi solista da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, sob a regência do Maestro Waltel Branco. O artista apresentou, ainda, programas de rádio e televisão em Ponta Grossa, como o programa Som da Cidade, na TV Educativa.

Texto: Aline Jasper | Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

Fanucchi (à direita, de terno de calças curtas) em sua primeira apresentação em público, no Colégio Borell du Vernay, com a professora Lia Fonseca.


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