Fenata apresenta peça ‘O Pequeno Príncipe’ para surdos e ouvintes com entrada gratuita

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“Acessibilidade é como uma chave que abre uma porta, um banco que nos ajuda a trocar uma lâmpada queimada e iluminar em volta. É dar acesso a qualquer coisa a qualquer pessoa”. Helena de Jorge Portela, idealizadora do Fluctissonante e atriz.

Essa reportagem está disponível também em Língua Brasileira de Sinais (Libras):

 

A Mostra Infantil do Festival Nacional de Teatro (Fenata) apresenta uma das obras literárias mais lidas e cativantes do mundo, em uma encenação inclusiva, em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e português. É a primeira vez que o festival apresenta um espetáculo com essa perspectiva da inclusão e da acessibilidade: não se trata de uma tradução simultânea, mas sim de uma peça bilíngue. ‘O Pequeno Príncipe’ será apresentada na quarta-feira, 9 de novembro, às 14h, no Teatro Marista, com ingressos gratuitos.

A montagem é uma adaptação no texto clássico do autor francês Antoine de Saint-Exupéry. Na peça, duas atrizes e um ator levam ao público a história do Principezinho que encontra um Aviador em meio ao deserto, narrando as aventuras que viveu nos planetas em que passou. É uma jornada de descobertas, recheada de aventuras incríveis a cada parada. O Pequeno Príncipe compartilha com o aviador – e com o público – as valiosas lições que aprendeu sobre amizade, honestidade, coragem e bondade.

O espetáculo é assinado pela Companhia Fluctissonante e celebra uma data importante para o diretor, Nautilio Bronholo Portela, que completa 50 anos de teatro. “Nós temos dois motivos para ficarmos muito felizes. Primeiro vamos apresentar O Pequeno Príncipe no Fenata, que é o festival mais importante que temos hoje no Brasil. E o motivo principal é que o Fenata está completando 50 edições e eu também estou completando 50 anos de teatro profissional. Vai ser uma dupla felicidade apresentar O Pequeno Príncipe Bilíngue no Fenata. Assistam, vai ser muito legal”.

O diretor explica que a peça conta com atores e atrizes surdos no elenco e dois intérpretes e tradutores acompanhando desde o primeiro momento da concepção do texto até depois da peça pronta, traduzindo o que os atores falam para as pessoas ouvintes e traduzindo o que se fala em português para as pessoas surdas. A atriz protagonista da peça, Catharine Moreira é surda e traz uma atuação poderosíssima para o palco.

“A peça é linda e maravilhosa, de um autor francês muito famoso. Mas, a maioria dos surdos desconhecem, pois não têm lugares artísticos acessíveis. Por isso a importância de divulgar a apresentação do teatro ‘O Pequeno Príncipe’. Todos ficam admirados e as crianças animadas”, afirma a atriz. Ela lembra que antigamente não havia legendas e nem intérpretes na televisão e agora no teatro. “Isso dá visibilidade ao surdo e mantém as crianças interessadas. São poucas as peças que têm acessibilidade e essa é uma oportunidade para vocês surdos de ter a arte acessível”. Confira o recado da atriz Catharine Moreira e do diretor Nautilio Bronholo Portela no vídeo:

 

A atriz e idealizadora da companhia, Helena de Jorge Portela, explica que todo o grupo compartilha e acredita na força da inclusão e da acessibilidade e isso foi levado em conta desde o início da preparação da peça.  “Existe inclusão em cena e fora de cena, porque tanto no palco quanto na plateia o público é misto, as pessoas não sabem quem é surdo e quem não é”, explica. Para ela, a acessibilidade acaba sendo boa para todos, com ou sem deficiência.

“Todos nós desejamos nos sentirmos incluídos. Se a gente coloca uma rampa na frente de um prédio, ela não será usada só por um cadeirante. Vai ajudar pessoas de bicicleta, com carrinho de bebê ou de supermercado. Ao trazer uma peça bilíngue ao palco, outras pessoas terão contato com Libras também”, finaliza Helena.

 

As atrizes Helena de Jorge Portela e Catharine Moreira em cena.

 

Serviço  ‘O Pequeno Príncipe’

Apresentação: 09 de novembro de 2022

Horário: 14h

Local: Teatro Marista

Entrada Gratuita

 

Sobre a Cia. Fluctissonante

O grupo teatral é um coletivo curitibano formado por artistas surdos e ouvintes que se dedicam à criação cênica contemporânea e bilíngue (Libras e Português). Seus projetos unem os públicos surdo e ouvinte nas plateias, assim, a companhia consolidou-se precursora nacional na criação em arte acessível.

Ao longo de sua trajetória, a Companhia produziu espetáculos para adultos como ‘Giacomo Joyce’ (2017) e ‘\TODAS/’ (2018) e também para a infância, como ‘Enquanto a Chuva Cai’ (2016) e ‘Conto Com Libras’ (2018). Em 2021, estreou sua quinta montagem, ‘Elevador’, com direção da artista convidada Georgette Fadel.

Em 2020, passou também a desenvolver projetos digitais como a websérie ‘Mulheres – Sinais de Suas Escritas’ e a versão online do espetáculo ‘Conto Com Libras’, além do show-cênico-musical ‘Origami – Músicas Para Ver e Ouvir’.

A companhia se apresentou e realizou ações em eventos como: Palco Giratório e Plataforma Cena (nacionais), Semana Modos de Acessar (SP), Projeto Narrativas do Silêncio (RN), Curitiba Mostra, Festival de Teatro de Curitiba – Oficial, Mostra Novos Repertórios, Mostra Claudete Pereira Jorge e Prêmio Arte Paraná (PR).

Texto: Sandrah Souza Guimarães / Fotos: Elenize Dezgeniski

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