Sobre o quadro docente, a coordenadora explica que praticamente todos os professores são mestres e doutores. “Isso demonstra a preocupação com a qualificação e a experiência nas atividades profissionais e de ensino, pesquisa e extensão, as quais constituem o tripé que alicerça as atividades de uma Universidade”. Boa parte dos docentes pertence ao regime de Dedicação Exclusiva.
Olhar humanista
Um ponto positivo do Relatório de Curso do Enade, segundo a coordenadora e o ex-coordenador, é o perfil do estudante de Odontologia, que ajuda a entender o contexto social dos discentes. Hoje, o curso de Odontologia tem 289 acadêmicos matriculados do primeiro ao quinto ano.
O modelo de ensino desconstrói “a ilusão de que dentistas tratam apenas de dentes para um conceito mais amplo, pois o cirurgião dentista trata seres humanos em sua totalidade e individualidade, devolvendo não apenas sorrisos, como também saúde, melhora da autoestima, e uma melhor condição de vida geral para seus pacientes”, enumera Leonardo.
Um novo Currículo, implantado em 2016, está vigente. Com ele, Campagnoli e Martins afirmam que a intenção é promover maior integração entre as disciplinas e maior flexibilização na realização dos conteúdos de diversificação e aprofundamento. Leonardo reflete sobre a responsabilidade de sua turma, a primeira a se formar com o novo currículo. “Esta nova proposta pedagógica nos motiva ainda mais a impulsionar a nossa dedicação, nos trazendo a responsabilidade de retornar à nota 5 do Enade”.
“Ficamos felizes que mantivemos a qualidade de ensino, apesar das diversas dificuldades vivenciadas nas Universidades Públicas em geral, tanto no Estado do Paraná, como no Brasil”, dizem os coordenadores, antigo e a atual, mas ressalvam que o Exame garante a comparabilidade dentro de uma determinada área e somente para um determinado ano, nunca entre diferentes edições.
Atualmente, a estrutura do Curso de Odontologia da UEPG tem sete Clínicas, cada uma contando com 15 equipamentos odontológicos; dois Laboratórios para as disciplinas Pré-Clínicas; dois Laboratórios da Prótese Dentária; Escovódromo e espaço para ações educativas; Centro Radiológico com Tomógrafo Odontológico; Clínicas Odontológicas nos Distritos Rurais de Guaragi e Itaiacoca; Central de Material e Esterilização; Banco de Dentes Humanos; e um Laboratório de Informática.
Pesquisa e Extensão
A possibilidade dos acadêmicos integrarem projetos extensionistas e de pesquisa contribui de modo significativo para a formação acadêmica, possibilitando a construção dos conhecimentos de modo consistente.
Leonardo lembra que o curso valoriza a inserção dos alunos na comunidade, com a participação dos estudantes em projetos sociais, atendimentos nas clínicas da faculdade e na área hospitalar, a partir de projetos extensionistas e/ou estágios. “A UEPG proporciona uma capacitação mais humana e realista de seus acadêmicos, que colocam em prática seus aprendizados ao mesmo tempo que transmitem conhecimentos e proporcionam saúde para a população”.
A UEPG incentiva a pesquisa científica desde o primeiro ano da faculdade, o que se soma de forma considerável à formação de seus acadêmicos, de acordo com o estudante. “Passamos a ter um pensamento mais crítico sobre as ações e tratamentos, por meio da busca constante por capacitações e comprovações científicas dos diferentes tipos de tratamento, tecnologias e produtos de consumo odontológico para possibilitar o melhor atendimento possível para os pacientes”.
“Poder ter a possibilidade de atender o paciente no pior momento da vida dele, conseguir dar o teu melhor e fazer com que ele saia da melhor forma possível”: essa é a motivação do cirurgião dentista Luiz Zander no cotidiano da odontologia hospitalar. Ele é egresso do curso de Odontologia da UEPG e hoje é residente em Neonatologia no Hospital Universitário.
Como conta o residente, quem cursa a graduação na UEPG nos últimos anos tem a oportunidade de imersão na odontologia hospitalar. “A gente consegue transicionar bem entre a UEPG e o HU, inclusive realizando projetos em conjunto. Um destes é o projeto Saúde Bucal Materno-Infantil, que une bem a graduação com o hospital”.
Os pacientes do HU-UEPG recebem o suporte da equipe de odontologia nas áreas de odontopediatria, endodontia, periodontia, estomatologia, patologia, radiologia, laserterapia e cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial. “No HU, o cirurgião dentista atua no ambiente hospitalar, inserido em uma equipe interdisciplinar envolvida em uma prática colaborativa para um SUS de qualidade, a fim de contribuir com a resolução clínica do paciente”, explica a preceptora da residência, Fernanda Pereira. “Cuidamos, orientamos e amparamos os pacientes no momento que mais precisam, seja em UTIs, leitos, ambulatórios e centro cirúrgico”.
A atuação das equipes multidisciplinares, em que se incluem os cirurgiões-dentistas, tem o objetivo de garantir a humanização do atendimento e a visão do paciente em todos seus aspectos, de forma integral. “É uma visão bem mais completa do paciente, principalmente pela interação com as outras profissões: serviço social, farmácia, enfermagem, fisioterapia, nutrição, educação física, fonoaudiologia, medicina, os próprios técnicos de enfermagem, etc. Junto com as outras profissões, a gente consegue fazer um atendimento integral e humanizado. A gente oferece tudo que o paciente precisa”, enfatiza Zander.
Um das especialidades em que atua o cirurgião dentista no HU é a cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, coordenada pelo professor Marcelo Carlos Bortoluzzi. A especialidade odontológica utiliza procedimentos cirúrgicos para tratar as doenças e os traumas da face, do pescoço e da cavidade bucal. No HU, são atendidos casos complexos nas áreas de estomatologia e cirurgia dentoalveolar, além do diagnóstico e plano de tratamento para deformidades dentofaciais.
A professora Fabiana Bucholdz Teixeira Alves, cirurgiã-dentista e diretora acadêmica do HU-UEPG, explica que uma área importante de atuação do profissional da área no hospital é voltada para as crianças e recém-nascidos. No Hospital Universitário Materno-Infantil, os atendimentos odontológicos incluem a higiene bucal, o manejo e apoio do aleitamento materno, avaliações bucais e a avaliação do frênulo lingual.
O residente Luiz Zander relata ainda que os bebês que nascem na Maternidade do Hospital Universitário são acompanhados até os dois anos de idade. “A gente faz acompanhamentos dos bebês aos três meses; seis meses; um ano; um ano e meio; e dois anos. Antes era presencial e hoje em dia, acontece por teleatendimento”, conta.
No Hospital Universitário da UEPG, a oferta de residências multiprofissionais permite que profissionais da Odontologia se especializem na área hospitalar por meio de uma pós-graduação em serviço. Para o profissional de odontologia, são ofertadas as Residências Multiprofissionais em Saúde, em áreas como a Neonatologia, Saúde do Idoso e Intensivismo, e também a Residência Uniprofissional em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.
O professor Eduardo Bauml Campagnoli assinala a interação entre as atividades de ensino, pesquisa e extensão das quais participa o cirurgião-dentista no HU-UEPG. “Essas atividades são aliadas no apoio da formação dos profissionais em âmbito da graduação e pós-graduação (residências, especializações, mestrados e doutorados), proporcionando assim uma vivência diferenciada da prática rotineira de um consultório odontológico”.
Pós-Graduação Nota 5
Nara Hellen Campanha Bombarda, Professora do Curso de Graduação em Odontologia da UEPG e Coordenadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Odontologia da UEPG (Mestrado e Doutorado), contextualiza que a Odontologia brasileira tem sido considerada nos últimos anos como uma das mais profícuas em matéria de produção científica.
Para ela, a produção local da ciência, unindo discentes de graduação e pós-graduação, ao lado dos pesquisadores competentes existentes no Programa, contribui para a formação dos Cirurgiões Dentistas, Mestres e Doutores. “É um processo altamente reflexivo, questionador, propositor de novos paradigmas, em consonância com o perfil do profissional que se deseja, numa época de tantas transformações tecnológicas e de inovação”.
“Os Programas de pós-graduação têm uma influência muito grande nesses índices, pois, além de formarem recursos humanos (os mestres e doutores que serão docentes nos cursos de Odontologia do Brasil e fora dele), somos responsáveis pela produção de pesquisas de ponta cujos resultados são divulgados nos periódicos mais conceituados”, analisa a coordenadora do PPGO.
“Esses conceitos de sucesso junto à Capes e ao MEC dão maior visibilidade e credibilidade à UEPG, e no caso da pós-graduação impacta no número de bolsas e valores de financiamento por parte daquela Coordenadoria”. Para a coordenadora do PPGO, a presença de um programa bem conceituado na UEPG também influencia nas buscas por fomentos de toda natureza, como bolsas de iniciação científica, de extensão, auxílios financeiros à pesquisa, editais de infraestrutura, entre outros.
A Pandemia de Covid-19 afetou as atividades de maneira profunda no Curso de pós-graduação em Odontologia, de natureza teórico-prática, com atividades em laboratórios e clínicas.
“Algumas disciplinas do Programa são desenvolvidas especialmente para a confecção de materiais didáticos, baseando-se na realização de atendimentos clínicos a pacientes para documentação fotográfica a fim de registrar casos clínicos que possam servir de base para os futuros mestres e doutores ministrarem suas aulas ilustrando-as com suas próprias experiências clínicas ali documentadas”.
A professora complementa que as pesquisas, na grande maioria, são também de natureza prática em âmbito laboratorial ou clínico. “Neste último caso, testando novos protocolos e materiais, realizando levantamentos epidemiológicos, testando novas hipóteses que poderiam melhorar a prática clínica dos cirurgiões dentistas. Essas atividades foram, num primeiro momento, totalmente paralisadas”.
“Mais recentemente, com a elaboração, por parte de nossos docentes, de protocolos de biossegurança rígidos e sistemas de agendamento que permitam a rotatividade e distanciamento de pesquisadores, temos, aos poucos, retornado às nossas pesquisas laboratoriais”. Nara detalha que o Programa retornará às práticas clínicas com pacientes somente após a realização de treinamento específico para as novas práticas, inclusive o uso correto de paramentação, a ser realizado pelo Departamento de Odontologia.
“Dependemos da construção de um local específico (vestiários) para paramentação, que é uma exigência da Vigilância Sanitária e da aquisição dos Equipamentos de Proteção Individual para a proteção adequada de nossos pacientes, docentes e discentes”, complementa.
A coordenadora do PPG em Odontologia ressalta que as mudanças de paradigma em relação ao controle de infecção dentro do ambiente odontológico serão levadas pelos alunos para as suas práticas quando eles não estiverem mais no ambiente universitário da UEPG. “Esperamos que esse seja um legado positivo e que sejam os nossos egressos exemplos de comportamento ético e responsável com a saúde humana, onde quer que estejam atuando”.
Nara Hellen Campanha Bombarda rememora que, em 2016, o PPGO/UEPG foi o primeiro curso de pós-graduação Strictu Sensu em Odontologia a obter Nota 5 (Capes) no Estado do Paraná, “fruto do trabalho de estímulo e fortalecimento das áreas de concentração e linhas de pesquisa”. Ela complementa que todos ficaram muito felizes quando a nota foi de 4 para 5. “É o resultado de um trabalho árduo de docentes engajados na melhoria da produção intelectual (produção bibliográfica, patentes e outras formas de divulgação das pesquisas) e da formação de recursos humanos”, comemora a coordenadora do Programa.
Ela destaca que, à época da avaliação, o curso publicava em média 90 artigos científicos por ano e os egressos (de mestrado e doutorado) estavam com uma inserção no mercado de trabalho de mais de 80%, entre eles, docentes de graduação e pós-graduação, militares, gestores no serviço público.
“Esses resultados positivos, com certeza influenciam e sofrem influência do curso de graduação da UEPG, pois a pós-graduação interage fortemente no bacharelado em Odontologia com a orientação de alunos na iniciação científica, com o estágio de docência e com os projetos de extensão vigentes”, explica Bombarda. Assim, de acordo com a professora, os altos conceitos do Mestrado/Doutorado e da graduação, junto a Capes e ao MEC, respectivamente, demonstram a grande importância de a Universidade manter, valorizar e apoiar os seus cursos de pós-graduação como um fomentador da graduação. “É uma via de mão dupla”, conclui.
A coordenadora descreve fatores que, na última década, contribuíram, dentro e fora do PPG, para o bom desempenho: qualificação e comprometimento dos docentes, corpo técnico e administrativo institucional; políticas públicas estadual e federal para expansão das atividades de pós-graduação em centros relevantes no interior; requerimento de profissionais altamente qualificados visando atender às necessidades do mercado de trabalho junto às instituições públicas e privadas; elevado crescimento dos Campos Gerais do Paraná – região de maior influência da UEPG; criação e implementação do Programa de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PROAP-UEPG), conforme Resolução CA nº 481, de 8 de dezembro de 2008, que tem disponibilizado recursos próprios para auxiliar no funcionamento dos Programas, somando-se aos fundos oriundos de convênios (federais e estaduais). A verba PROAP/UEPG acima citada trata do apoio, com recursos próprios da UEPG, aos PPGs stricto sensu da UEPG com a finalidade de consolidação dos mesmos. Os valores destinados anualmente a cada Programa, conforme disponibilidade financeira e orçamentária, têm, como referência, os correspondentes valores do Proap-Capes no exercício anterior, assim definidos: 75% do PROAP-CAPES para programas com curso de doutorado e 50% para programas com apenas curso de mestrado. No PDI 2017-2020 está prevista a ampliação, a flexibilização e autonomia do seu uso por parte do PPGs, permitindo a compra de passagens e diárias e tradução/revisão de artigos, com os objetivos de: ampliar a visibilidade; promover a Internacionalização da Pós-Graduação e consequentemente a visibilidade acadêmica nacional e internacional da produção científica, tecnológica, social e cultural da UEPG; e estimular a produção científica de alto nível dos pesquisadores da UEPG em periódicos indexados nacionais e internacionais altamente qualificados.
Já em relação às aulas teóricas do PPGO, houve mudanças por conta do ensino remoto, que, até, então não era praticado no curso. Pesquisas da Comissão de Autoavaliação do PPGO apontam que os objetivos foram atingidos e os alunos preferem permanecer nessa modalidade por mais um tempo, até se sentirem seguros, do ponto de vista sanitário, para o retorno presencial.
Texto e fotos: Luciane Navarro e Aline Jasper