UEPG promove exposição e oficina com Orlando Azevedo

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Um agitador cultural: é assim que se descreve o fotógrafo português Orlando Azevedo, que retorna a Ponta Grossa no início de setembro para mais uma parceria com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). A programação terá exposição no Museu Campos Gerais (MCG), mostra de documentário e oficina de fotografia, entre os dias 02 e 04 de setembro. As atividades, organizadas em parceria entre Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex), Diretoria de Assuntos Culturais (DAC) e MCG, serão gratuitas, com certificados de participação.

Um artista multifacetado

Orlando Azevedo transita entre as artes: música, fotografia, poesia. A programação busca contemplar essa diversidade de temas e de formatos. No MCG, uma mostra fotográfica, “Marinhas – Arqueologia da Morte”, faz dialogar a beleza da produção fotográfica em estúdio com a poética de animais mortos e objetos em deterioração. Ainda sobre fotografia, uma oficina organizada pela DAC mescla teoria e prática na temática da “Fotografia em Transe”.

Na noite de terça-feira (03), após a exibição do documentário “Todo roqueiro é gente fina: história da banda A Chave”, acontece um bate-papo sobre a cena cultural e musical paranaense e brasileira dos anos 1960-1970. A mediação é do professor Rafael Schoenherr, do departamento de Jornalismo da UEPG. Por 10 anos, entre 1969 e 1979, Orlando se dedicou à banda A Chave, considerada precursora do rock paranaense, como baterista e letrista da banda.

Em 2019, Orlando colaborou com a UEPG na reinauguração do Museu Campos Gerais, com a “Mostra Paraná”. “Ter Orlando de volta significa restabelecer um diálogo com uma das figuras mais importantes da cena cultural paranaense do último meio século”, avalia o diretor do MCG, Niltonci Batista Chaves. “Orlando tem uma trajetória de mais de 50 anos na arte, na fotografia, na música, e fez sempre tudo com muita excelência”.

Marinhas – Arqueologia da Morte

“A fotografia é a ressurreição da extinção”. Animais mortos e objetos deteriorados se tornam poesia nas fotografias da exposição “Marinhas – Arqueologia da Morte”, que chega agora ao Museu Campos Gerais. Por mais de duas décadas, Azevedo recolheu objetos, repletos de emoções e revelações, na beira do mar, e levou para seu atelier, onde os fotografou em câmeras analógicas de grande formato (4X) e com chapas de filme rígido. A busca por um melhor resultado em termos técnicos e estéticos é, ainda, uma intencional crítica e ironia às “marinhas” acadêmicas nas artes plásticas.

“Em seu percurso quase sempre solitário, o fotógrafo é um verdadeiro arqueólogo das emoções mais ocultas, redescobre a pátina da memória, rasga a ansiedade e paixão, recolhe os pedaços e as cicatrizes sobreviventes e lhes dá corpo num roteiro em que a memória é uma ilha à deriva feito uma lava viva”, poetiza. A mostra, que tem curadoria do próprio autor, intercala as fotografias com poemas e estreou em 2010, no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Depois, passou por outros museus e espaços de cultura do Brasil, até chegar ao MCG, onde fica até o final de 2024.

A Chave

No ano em que Paulo Leminski completaria 80 anos, o Museu Campos Gerais está com uma exposição especial sobre as origens polonesas do poeta paranaense. Mas pouca gente poderia falar melhor sobre as contribuições do poeta à formação do rock no Paraná do que Orlando Azevedo. Leminski colaborou diversas vezes com A Chave – banda que marcou época no cenário musical curitibano nos anos 1970.

O quarteto era formado por Orlando Azevedo na bateria, Carlos Gaertner no baixo, Paulo Teixeira na guitarra e vocais, e Ivo Rodrigues como vocalista. Repleta de performances diferenciadas e mesclando outras expressões artísticas, a banda ocupou Curitiba com um gênero musical até então praticamente desconhecido.

O documentário “Todo roqueiro é gente fina: história da banda A Chave” conta a trajetória do quarteto, que iniciou em 1965 como “Os Jetsons”, em Palmeira, animando festas com covers dos Beatles e Rollings Stones. Quando os integrantes iniciais se mudaram para Curitiba, agregaram Orlando Azevedo, que trouxe mudanças importantes na orientação artística do grupo, que passou a se chamar, em 1969, “A Chave”. “É uma homenagem da UEPG à contribuição do Orlando como músico, muito importante na contracultura paranaense da década de 70, sobretudo no momento muito difícil da vida brasileira, no meio da ditadura”, finaliza Niltonci.

Fotografia em Transe

Quem gosta de fotografia vai poder aprender direto com um apaixonado pela arte. A oficina “Fotografia em Transe” oferece 20 vagas, sendo 15 para universitários e cinco abertas para a comunidade, e vai acontecer nas tardes de terça (03) e quarta-feira (04). As inscrições são online, através deste formulário.

“Orlando Azevedo é um dos grandes expoentes da fotografia nacional contemporânea”, destaca o professor Nelson Silva Junior, diretor de Assuntos Culturais da Proex. Com um currículo importante como artista, Orlando tem dezenas de livros publicados e obras em acervos importantes, em Nova Iorque, Paris, Lisboa e São Paulo. “Ele vem com uma proposta de trazer o acesso a esse conhecimento dele pra comunidade”. A partir da oficina, os participantes poderão ter contato com os conceitos que ele traz para a fotografia, o processo de produção fotográfica e pensar o papel da fotografia contemporânea.

Texto e foto destacada: Aline Jasper | Fotos internas: Orlando Azevedo; Divulgação.

Agenda

Terça-feira, 03 de setembro

13h30 – 17h00: Workshop “Fotografia em transe” (1º dia)
– Local: Auditório do Museu Campos Gerais
– Público: 20 participantes (15 vagas para universitários e 5 para a comunidade em geral)
– Inscrições: Formulário online

19h00 – 21h00: Exibição do documentário “Todo roqueiro é gente fina: história da banda A Chave” (2014), com direção de Yuri Vasselai
– Local: Auditório do Museu Campos Gerais
– Público: Livre
– Após o documentário: Bate-papo com Orlando Azevedo sobre a cena cultural e musical paranaense e brasileira dos anos 1960-1970
– Mediador: Professor Rafael Schoenherr (Departamento de Jornalismo da UEPG)

Quarta-feira, 04 de setembro

13h00 – 17h00: Workshop “Fotografia em transe” (2º dia)
– Local: Auditório do Museu Campos Gerais
– Público: Mesmo formato e regras do dia anterior.

19h00 – 21:00: Abertura da exposição “Marinhas. Arqueologia da morte”
– Local: Sala 16, Museu Campos Gerais
– Curadoria: Orlando Azevedo e assistente de curadoria Miguel Antonio Gonçalves
– Mediação inicial: Feita por Orlando Azevedo.


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