A história de Marcos Fidelis na modernização dos sistemas acadêmicos da UEPG

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Marcos Vinicius Fidelis, servidor da Universidade Estadual de Ponta Grossa há 28 anos, foi um dos responsáveis pela modernização dos sistemas de controle acadêmico da instituição, especialmente no que diz respeito às novas tecnologias e avanço na comunicação e interatividade entre o aluno e a UEPG. O agente universitário fez carreira no Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), setor chamado antigamente de Centro de Processamento de Dados e conseguiu promover mudanças significativas na área em que atuou.

Começou a trilhar sua história  com a instituição quando ingressou na UEPG como aluno, no curso de Processamento de Dados em 1988.  “Eu peguei a penúltima turma de bacharelado com 3 anos. O curso integral era ofertado no campus do centro”, relata. Devido à vida simples, precisou se esforçar para levar os estudos adiante e começou a trabalhar ainda na graduação. “Eu sempre tive uma vida puxada e como a minha família era humilde, eu almoçava e jantava no Restaurante Universitário do centro”, relembra. Além disso, o estudante trabalhava nos horários vagos após as aulas, das 19h às 01h, como digitador. “Eu realizava lançamentos contábeis para poder me sustentar na universidade”.

Um dos grandes incentivadores do acadêmico foi o professor da UEPG Reinaldo Afonso Mayer, que abriu as portas do mercado de trabalho com a oferta de um estágio. “Tenho imenso carinho por ele que me deu uma ótima oportunidade e abriu a primeira porta na área de sistemas”, diz. Fidelis se formou na universidade em 1990, época em que a área de processamento de dados era chamada de profissão do futuro.

Carreira: desafios e conquistas

Em 1991, a mesma instituição que o formou estava com uma vaga aberta para o cargo temporário de programador. “Eu resolvi tentar o concurso e passei. Trabalhei um ano como temporário, foi assim que iniciei a minha vida profissional na universidade. Em 1992, a UEPG abriu outro concurso, mas dessa vez para servidor efetivo e eu fiquei interessado em duas vagas. A primeira era para programador e exigia segundo grau e para a segunda, analista de sistemas, era necessário ter o curso superior completo”, recorda. Como as provas foram aplicadas em datas distintas, Fidelis realizou ambas e passou para programador em primeiro lugar e para analista, em terceiro.

Em abril de 1992, o  garoto que sonhava em trabalhar na UEPG assumiu a função de programador e, após quase um mês, foi chamado para a vaga de analista de sistemas. “Para mim, foi fantástico. Eu tinha 21 anos na época. Aliás, o Centro de Processamento de Dados (CPD) só tinha jovens, porque era uma profissão nova e quase não havia pessoas formadas nessa área. A gente brincava que era uma piazada que trabalhava lá”, conta com sorriso nos olhos. Em 1993, foi surpreendido com a oportunidade de assumir o sistema de controle acadêmico da universidade. “Você imagina o que é para um guri de 22 anos ser responsável por um sistema que é a alma de qualquer universidade. Muita responsabilidade”, afirma. ”Mas agarrei essa oportunidade e assumi com dedicação a tarefa de modernizar essa área”, expressa saudoso. Fidelis cuidou dos sistemas acadêmicos da universidade até 2018 com o mesmo olhar inovador de quando assumiu a tarefa. “Nós desenvolvemos quatro versões durante este período. No início, utilizávamos o mainframe, aqueles computadores de grande porte porque ainda não tínhamos as redes de computadores, mas com o passar do tempo essa área evoluiu muito”, diz.

O primeiro sistema de grande porte foi desenvolvido quando o servidor assumiu a função em 1993. Além desse, houve mais um de grande porte até ser desenvolvido, em 2005, o primeiro em redes de computadores. “Esse sistema de controle acadêmico foi utilizado até 2010. Mas em 2008 a universidade já tinha crescido bastante e precisava de algo mais moderno. Então, passaram um novo desafio, o de desenvolver um sistema de controle acadêmico novo, on-line e com mais recursos”. Para atender à demanda e incluir novas tecnologias, Fidelis solicitou uma equipe maior. “Eu conversei com o administrador do CPD e pedi mais gente e autonomia para o desenvolvimento”.

Conforme conta, na época a universidade trabalhava com algumas metodologias de desenvolvimento de softwares que estavam ficando ultrapassadas. De maneira pioneira, trouxe para a UEPG o framework de desenvolvimento de sistema. E devido a sua visão de futuro, revolucionou a área, sendo chamado para participar de vários congressos nacionais para contar sobre a sua experiência. “Eu trabalhava com software livre e como utilizamos ferramentas pioneiras na época, fomos convidados para divulgar dentro do Brasil o que estávamos desenvolvendo aqui”. Atento às mudanças e inovações, Fidelis sabia que estava seguindo o caminho certo, tanto que o framework de desenvolvimento é utilizado até hoje na universidade.

“Nós começamos esse trabalho em 2008, em 2009 passamos a fazer a migração para o sistema novo, totalmente acessível pela internet e em 2010 implantamos um novo diário de classe eletrônico”, explica. Antes do controle virtual, a universidade trabalhava com um diário de classe de 10 páginas, com formulários de 132 colunas. Com a simplificação, foi possível reduzir essa quantidade para uma pagina. “Quando propus as modificações, teve o time a favor e o contra, por isso precisamos trabalhar com bastante cuidado. Não foi fácil vencer a resistência das pessoas”, recorda.

O Diretor do Núcleo de Tecnologia da Informação da UEPG, Luiz Gustavo Barros, que compôs a equipe de Fidelis no então Centro de Processamento de Dados, relata que a implantação do último sistema de controle acadêmico foi a mais intensa. “A equipe, liderada por Fidelis, desenvolveu uma metodologia completamente nova, alinhada aos padrões mais atuais. Foram diversas inovações técnicas, o que também exigiu algumas mudanças e atualizações na área de infraestrutura, que era a que eu trabalhava na época. Fidelis tem essa característica de buscar inovações sempre visando a melhoria”, ressalta Gustavo.

Atualmente, além do sistema acadêmico ser abrangente, apresenta diversas funcionalidades e contém informações que vão desde a chamada do vestibular, passando por todo o registro da vida acadêmica dos alunos, até a emissão do diploma. “Isso não existia antes. Um grande desafio foi criar os perfis de matrícula. Foram anos até ajustarmos à dinâmica que adotamos hoje. Desenvolver um sistema específico para a universidade não é fácil. Como líder de equipe, tive sorte em trabalhar com um time muito bom de profissionais, que me ajudaram nesse processo. Para mim, é uma grande satisfação ver que 100% da vida acadêmica do aluno está nesse sistema”, declara.

Eleições: um sistema novo para Ponta Grossa

Nas eleições de 1994, o agente universitário encarou mais um desafio na sua carreira: criar um sistema de totalização de votos para a cidade de Ponta Grossa. “A universidade participava ativamente da contabilização dos votos e sempre colaborou com diversas questões da comunidade. Em determinado momento, o presidente do fórum eleitoral da cidade solicitou que a UEPG desenvolvesse um sistema para agilizar a contagem”, explica.

Na época, como ainda não existiam as urnas eletrônicas, a totalização era feita de forma manual, por meio dos mapas de votação. “Não havia uma maneira bem padronizada, cada chefe da junta eleitoral organizava a sua dinâmica. Como a maior parte dos meus colegas trabalhava com mainframe e eu já tinha experiência com redes de computadores, perguntaram se eu conseguiria desenvolver um sistema baseado em microcomputadores e eu aceitei”.

Conforme explica, as contabilizações de votos eram feitas em locais específicos e os mapas eram reunidos no CPD da universidade, que realizava o lançamento das informações. “Nós fizemos um sistema que calculava o quociente eleitoral e apontava os vereadores eleitos no município. O lançamento ocorria com digitação dupla, realizada por duas pessoas distintas, com cruzamento de dados para garantir maior segurança. Esse foi um período importante, porque o resultado da eleição eleitoral era comunicado pela universidade”.

Novas funções e responsabilidades

Querido por todos na instituição, Fidelis foi o único representante dos agentes universitários a ser reeleito consecutivamente. “Nós buscamos ser a voz deles junto à gestão. Foi gratificante receber o reconhecimento das pessoas pelo trabalho que desenvolvemos. Eu entrei em 2015, fiquei dois anos na função e ao me lançar novamente, fui reeleito”, conta emocionado ao recordar a demonstração de carinho que recebeu de seus colegas.

Em 2018, assumiu a Pró-reitoria de Recursos Humanos, quando colocou em prática diversos projetos voltados para os servidores da UEPG. Com uma personalidade proativa, sempre fez a diferença por onde passou. “Tive a oportunidade de ajudar na construção de uma universidade ainda melhor. Com propostas de renovação, conseguimos implantar muita coisa boa nesse período”, afirma.

Em setembro deste ano, assumiu a Controladoria da UEPG, exercendo importante função no controle interno, social e no suporte à gestão para planejamento e tomada de decisões. “É muito gratificante trabalhar nessa área junto com o professor Paulo, responsável pela Ouvidoria. No nosso setor chegam diversos questionamentos e demandas que precisamos responder e solucionar. É um trabalho desafiador, mas muito prazeroso”, afirma.

A equipe tem a responsabilidade de supervisionar os processos da universidade, monitorar tudo o que é feito e prestar contas aos organismos de controle, como o Tribunal de Contas e o Ministério Público. O trabalho exige olhar criterioso e dedicação, algumas das características marcantes de Fidelis. “Participar das decisões e dos encaminhamentos da Universidade que me formou e me deu tudo nessa vida é fantástico”, expressa.

De acordo com o servidor Paulo Cesar Machado Lemos, quando houve a necessidade de uma pessoa para compor e desenvolver as várias tarefas e atividades do setor, surgiu de imediato o nome do Fidelis, o qual vem desempenhando muito bem a função. “Ele realiza o serviço com muita dedicação e empenho, facilitando assim a extensa agenda de informações que enviamos aos órgãos de controle”, afirma Paulo. “Com uma grande facilidade e trato no relacionamento com as pessoas, ele determina uma grande eficiência no trabalho, além do conhecimento profundo que possui na área de informática, o que facilita os processo. Podemos dizer que com o Fidelis estamos desenvolvendo e aprimorando o nosso trabalho, demonstrando e reforçando que a Gestão do Professor Miguel tem uma grande equipe, comprometida e eficiente” complementa.

Infância: a importância dos estudos 

Nascido em Curitiba, Fidelis veio para Ponta Grossa com a família aos 8 anos de idade, quando os pais decidiram procurar emprego no município. “Meu pai e minha mãe vieram atrás de serviço e acabaram ficando em Ponta Grossa. Inicialmente moramos em Uvaranas e quando eu tinha 9 anos fomos para Santa Paula. Éramos bem humildes e morávamos na última casa da rua”.

Mesmo sem o hábito de acompanhar os estudos do filho, os pais achavam importante fazer universidade e devido ao incentivo, Fidelis foi o primeiro membro da família a concluir o ensino superior, sendo um exemplo e orgulho para todos. “Hoje, nós três (os irmãos) temos universidade. Eu sempre fui meio nerd, desde jovem gostava de estudar e era um aluno disciplinado. Eu nunca fui um grande jogador de futebol, então achava que a única chance que eu teria para conquistar uma condição melhor seria pelo estudo”.

Segundo Fidelis, naquele tempo, havia um grande senso de responsabilidade, já que era o próprio estudante quem deveria correr atrás das informações e realizar todos os processos do vestibular, como fazer a inscrição, verificar os conteúdos e data de aplicação da prova. Como o estudante não tinha condições de pagar um cursinho, decidiu fazer o processo seletivo um ano antes de encerrar o ensino médio para treinar. “Na primeira vez fiz o vestibular para testar os meus conhecimentos e passei. No ano seguinte, quando estava para concluir o ensino médio, fiz a prova novamente para o curso de Processamento de Dados e fui aprovado, iniciando a graduação”.

O jovem que sonhava em estudar na UEPG e ser alguém na vida foi além e como servidor, revolucionou as áreas pelas quais passou. A agilidade e visão de futuro do agente universitário permitiram que o Centro de Processamento de Dados estivesse à frente das mudanças tecnológicas, servindo de modelo para outras instituições do país que desejavam se atualizar. “Foi uma honra ter feito parte do CPD que sempre representou o coração da universidade. Todas as decisões passavam por lá e nós ajudamos nos processos de modernização da UEPG com entusiasmo”, finaliza com semblante nostálgico e ao mesmo tempo alegre por tudo o que já viveu na instituição.

 

Texto e fotos: Vanessa Hrenechen

 


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