Como conta o professor do curso de Medicina da UEPG e otorrinolaringologista Rafael Francisco dos Santos, no inverno são frequentes os quadros alérgicos desencadeados por doenças virais como gripe e resfriado, que agravam doenças como asma, bronquite e rinite, todas de causa alérgica. Já na primavera, as crises de alergia ocorrem principalmente pela polinização. “O clima seco piora ainda mais os quadros alérgicos”, enfatiza.
“A rinite vasomotora apresenta os mesmos sintomas da rinite alérgica, entretanto, esses sintomas são desencadeados principalmente pela mudança de temperatura, ou de umidade de forma brusca”. As rinites alérgicas têm sempre como desencadeante um fator externo, chamado de alérgeno, que pode ser poeira, ácaro, fungo ou pólen.
Carin Stanski Uczak, graduada em Ciências Biológicas pela UEPG, mestre e doutora em Engenharia Florestal pela UFPR, estuda um desses fatores, o pólen. Através de uma parceria entre a UEPG e o Instituto Botânico de São Paulo, Carin pesquisa a morfologia polínica, que é a caracterização do grão de pólen.
A pesquisadora ressalta que nos hospitais, onde há muitos casos de alergia, será possível analisar e ver quais são os grãos de pólen alergógenos. “Em um possível surto de alergias, o estudo terá fornecido uma grande contribuição”, comemora. Ela cita como exemplo os grãos da família asteraceae, que contêm vários espinhos, causadores de alergias. Quando o paciente respira, o alergógeno entra em contato com a mucosa e provoca reação alérgica. “Aí começa a espirração”, explica Carin.
A investigação do grão de pólen pode ser aplicada em várias áreas, inclusive em perícia, na elucidação de crimes, como acontece em outros países. É possível, de acordo com a pesquisadora, identificar essas características através dos microscópios eletrônico e ótico. O microscópio eletrônico permite esta visualização, já no microscópio óptico não é possível observar todas as várias camadas, vários aspectos da parte externa do grão de pólen, são vários aspectos fora a morfológica.
Alergias
Para a bióloga, por serem muito leves, estes grãos de pólen são transportados pelo vento. Por conta da primavera, época em que ocorre a liberação de grãos de pólen devido à floração das plantas, como no caso do ipê, trigo, plantas herbáceas e gramíneas, aumentam os casos de alergias.
Idosos e crianças
Na estação da primavera ou inverno, idosos e crianças são os que mais sofrem pela relativa fragilidade do sistema imunológico e da saúde que estas populações têm. Adultos e jovens-adultos, de acordo com o médico, têm o sistema imunológico geralmente mais reforçado, mais maduro, enquanto que as crianças têm o sistema imunológico ainda em formação, em desenvolvimento, sendo, portanto, mais suscetíveis às doenças alérgicas e principalmente as complicações das alergias.
Os idosos também são suscetíveis, por ter um sistema imunológico muitas vezes mais debilitado. “Idosos e crianças pegam infecções mais frequentemente como complicação das alergias. As principais infecções que são complicações de alergias são a sinusite, infecções de ouvido nas crianças e, nos idosos, a pneumonia”, explica o otorrinolaringologista.
Prevenção
Os colchões são comumente fonte de desencadeamento das crises alérgicas. “Devemos manter os colchões sempre limpos, se possível com capa antialérgica e deixá-los no sol pelo uma vez a cada 15 dias”, destaca o médico. A claridade e a luz solar têm a capacidade de neutralizar alguns fungos e ácaros. É importante evitar ambientes com carpete ou tapete. Deve-se, de acordo com o médico, tirar do quarto os bichos de pelúcia. Ele aconselha que, quando o clima estiver muito seco, mantenha-se a hidratação da mucosa nasal com soro fisiológico.
Tratamento
O tratamento da rinite está baseado em dois pilares: o tratamento medicamentoso, paliativo, em que são tradadas as crises, com o uso de medicamentos para prevenir as crises, quando estas são frequentes ou quando trazem desconforto e diminuem a qualidade de vida do paciente. Ainda segundo o professor Rafael, em casos mais graves, em que não há melhora das alergias ou quando estas são associadas a são doenças consideradas mais graves, como a asma e a bronquite, existe uma segunda linha de tratamento, que são as vacinas, que procuram dessensibilizar o organismo do indivíduo para o alérgeno (agente que causa a alergia). Este tratamento é mais longo, com duração de cerca de um ano e meio, e a tendência é que o resultado seja a diminuição das crises de alergia.
Um dos equipamentos mais utilizados no C-Labmu é o Microscópio Eletrônico de Varredura por Emissão de Campo (FEG). O aparelho tem capacidade de ampliação de até 500 mil vezes, através de feixe de elétrons, enquanto que o microscópio ótico, conhecido como de microscópio de bancada, amplia a imagem em 1000 vezes, utilizando luz branca para realizar a leitura. Acoplado ao equipamento, o acessório Espectroscopia por Energia Dispersiva (EDS), possibilita observar na imagem toda a composição da amostra e todos os elementos químicos.
Para o coordenador do C-Labmu, professor Sidnei Pianaro, a oferta dos serviços do laboratório é uma forma de buscar novos recursos para a manutenção dos equipamentos e, ao mesmo tempo, retribuir à sociedade os investimentos recebidos desde a sua idealização. Nos próximos meses, o prédio próprio do C-Labmu, no Campus de Uvaranas deverá ser inaugurado, possibilitando a expansão das parcerias com o setor privado e evitando o deslocamento dos usuários para outras cidades
Reportagem: Carlos Clarindo | Fotos: Aline Jasper