Acolhimento. Substantivo que significa ‘maneira de receber ou de ser recebido’ foi a palavra da vez na tarde desta terça-feira (14). A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por meio da Pós-Graduação em Ciências Sociais Aplicadas (PPGCSA), organizou uma tarde de boas-vindas à Lesia Zolota, cientista ucraniana que chegou ao Brasil com a família por meio do Programa Paranaense de Acolhida a Cientistas Ucranianos, da Fundação Araucária e Secretaria Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).
A chegada de Lesia a Ponta Grossa aconteceu em dezembro do ano passado, com a família – o marido, Oleksandr Zolotyi; e os filhos, Katerina Henserovska e Nazarii Zolotyi. A filha acompanhou a mãe na tarde festiva, junto com alunos e professores da Pós-Graduação. Logo na chegada, com sorrisos e apertos de mão, a dupla recebeu boas-vindas formais do coordenador do PPGCSA, João Irineu Miranda. “É um momento muito importante para o nosso Programa, pois estamos num processo de internacionalização, com a primeira pesquisadora ucraniana na UEPG”, ressalta.
Lesia é professora do Departamento de Direito da Universidade Estadual de Sumy, que fica na cidade homônima, a 336Km de Kiev, capital da Ucrânia. Na UEPG, a pesquisadora irá desenvolver trabalho de levantamento e proteção ao patrimônio imaterial relacionado à imigração ucraniana no centro-sul paranaense. “É um projeto proposto primeiramente pela professora Édina Schimanski, que coordenará a recepção dos pesquisadores ucranianos, e pela professora Valeska Graciosos Carlos, que nos ajudará a receber as famílias”, complementa João.
A professora Édina ressalta que, além da pesquisa, Lesia também participará de projetos de extensão, que são a essência do Programa promovido pela Fundação Araucária e Seti. “Ainda estamos conversando, mas a ideia é que Lesia faça visitas e diálogos com comunidades ucranianas, para fazer paralelos entre colônias e a realidade da Ucrânia”. Para Édina, receber Lesia é uma oportunidade de internacionalizar a Pós-Graduação, acolhendo professores de forma humana. “É um grande prazer ter vocês aqui hoje e pelos próximos anos, pois [esse momento] é muito importante para o Programa e para a Universidade. Espero que vocês vejam que o Brasil é muito amigável”.
A família está acomodada em um apartamento de Ponta Grossa, após passar 20 dias na Casa Internacional da UEPG. Os quatro já participam de atividades de rotina na cidade, com apoio de professores e bolsistas designados. Perguntada sobre o que acha do Brasil, Lesia, sorridente, responde em português: “Eu gosto do Brasil. Tem uma natureza muito bonita e boa gente. Obrigada”.
A resposta no idioma oficial do Brasil não vem por acaso, Lesia e família fazem aulas de português na Escola de Línguas, Literaturas e Culturas (Eslin-UEPG), pelo Programa Paraná Fala Idiomas. A professora Valeska, coordenadora da Eslin, conta que a ucraniana já tem uma sala de estudos na Escola. “Por isso, convido que colegas visitem a Lesia na Eslin. Ela e seus filhos já estão bem adaptados aqui”, informa.
Sorrisos e conversas informais não faltaram entre mãe, filha e colegas do PPGCSA. Foram perguntas desde o que acham do clima, comida e música brasileira, até sobre fatos novos que descobriram sobre o país. “Nós queremos visitar muitos lugares, porque o Brasil é muito diferente”, conta a filha Katerina, que durante a conversa pediu para ser chamada de Katya.
E o que mais acharam de diferente no Brasil? “As pessoas”, respondeu prontamente Katya. E o motivo de achar diferente os brasileiros, segundo a filha, não foram as características físicas. “As pessoas são muito gentis, recebem bem você, e é o que nós precisamos agora, depois da guerra”, completa.
O diretor científico, tecnológico e de inovação da Fundação Araucária, Luiz Marcio Spinosa, destaca que a ação de acolhimento a pesquisadores ucranianos tem um caráter essencialmente humanitário. “O Estado tem umas das colônias mais importantes, com uma imigração extremamente expressiva de ucranianos e organizamos esse Programa na forma de rede de instituições, principalmente Universidades, para poderem receber 50 desses pesquisadores e suas famílias”, informa. Até agora, 11 ucranianos e suas famílias chegaram em instituições de ensino superior do Paraná. “Temos claro que no final desse processo o Paraná vai ganhar bastante em termos de competências em ciência, tecnologia e inovação, pois além da ação humanitária, busca-se o aumento da competividade do Estado”, finaliza.
Confira a matéria sobre a chegada da família ucraniana na UEPG aqui.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Henry Milléo