Saldo positivo para a ciência. A participação da Universidade Estadual de Ponta Grossa no 14º Encontro Anual de Iniciação Tecnológica e Inovação (Eaiti), em Guarapuava, rendeu prêmios e trocas de experiências. Na última semana, dias 28 e 29 de novembro, uma comitiva da instituição participou do evento que ocorreu na Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro). Quatro estudantes foram premiados pelos seus projetos.
Renata pesquisou sobre o desenvolvimento de filamentos poliméricos para impressão 3D, com nanopartículas microbiocidas a base de nióbio e prata, com orientação do professor Osvaldo Cintho. “O intuito é inibir a proliferação de vírus e bactérias nos ambientes utilizando o nióbio como nanopartículas, material encontrado em abundância em nosso país”, explica a acadêmica. Os filamentos produzidos foram utilizados na impressora 3D. “Comprovamos que além do nióbio ser bem mais barato do que a prata, ele apresenta maior potencial bactericida”, comenta Renata, que acrescenta que ficou muito empolgada para apresentar os resultados do trabalho durante o Eaiti.
A diretora de pesquisa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propesp), Bárbara Fiorin, destaca que a participação da UEPG no 14º Eaiti foi uma experiência extremamente enriquecedora para os graduandos. “Os projetos dessa modalidade permitem que os estudantes se envolvam de maneira prática com a pesquisa e a inovação, o que é fundamental para o desenvolvimento de suas habilidades críticas e criativas”. Neste ano, a Propesp e a Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi) uniram esforços para garantir uma participação mais robusta e integrada. “Isso se refletiu no engajamento e na qualidade das apresentações. Durante os dois dias de evento, o comitê da UEPG esteve presente, acompanhando de perto cada momento e reconhecendo as conquistas de nossos alunos”. Bárbara ressalta a dedicação dos orientadores, “que com grande empenho estiveram ao lado de seus orientados, oferecendo o suporte necessário para garantir o sucesso de cada projeto apresentado”.
Mais prêmios
Na área de Ciências Biológicas, o acadêmico Angelo Augusto Levandoski recebeu o terceiro lugar pelo trabalho que buscou encontrar um modo de encapsular duas bactérias de diferentes espécies em um mesmo hidrogel, com orientação do professor Rafael Etto. As bactérias Bradyrhizobium e Azospirillum são comumente utilizadas na coinoculação da soja, “mas quando elas são inoculadas diretamente no solo, podem sofrer com condições desfavoráveis ou com competição por outras bactérias. Então, o hidrogel deve servir como um abrigo temporário para elas, protegendo-as dessas condições adversas”, conta Angelo.
O trabalho teve o objetivo de encapsular as duas bactérias para desenvolver um único produto. “É interessante poder visitar outra universidade, conhecer diferentes trabalhos de diferentes áreas e ver como todos se tratam com muito respeito durante a apresentação”. Para Angelo, foi gratificante receber o reconhecimento de todo trabalho e esforço. “A tecnologia desenvolvida tem uma grande relevância e reconhecimento por parte dos outros profissionais e tem potencial para ser utilizada no futuro”, adiciona.
Matheus Henrique Oliveira recebeu o terceiro lugar na área de Ciências Agrárias, orientado pelo professor Rodrigo Matiello. O trabalho avaliou a aptidão de progênies de meio-irmãos de milho, para a produção de milho verde. “Apesar do nervosismo inicial, consegui me desempenhar bem e transmitir para os ouvintes e avaliadores os objetivos do projeto e os excelentes resultados obtidos”, descreve. Quando veio o prêmio, “caiu a ficha” de que o trabalho foi recompensado. “Pude perceber que todo esforço realizado por mim e pelos integrantes do Laboratório de Melhoramento Genético valeu a pena. Sou muito grato ao meu orientador e à UEPG por me permitirem vivenciar esse momento tão especial e gratificante”.
Pitchs
Além dos trabalhos nas áreas de conhecimento, o Eaiti também teve a categoria de apresentação por pitchs, que é uma forma mais direta de expor o trabalho, de uma maneira chamativa. Durante o evento, 33 alunos de diferentes instituições concorreram nesta categoria, sendo quatro da UEPG. A Aluna Julia Becher Gomes ganhou o terceiro lugar, com o trabalho ‘Potencial citotóxico de filmes orodispersíveis contendo fármacos complexados para tratamento de estomatite protética’, com orientação da professora Vanessa Urban.
A Agipi organizou uma oficina de pitchs com os alunos. Segundo o coordenador da Agência, professor Albino Szesz Júnior, os resultados foram bastante positivos, com apresentações de alto nível. “A atuação da Agipi no 14º Eaiti reflete um avanço estratégico em direção à integração das atividades de iniciação tecnológica e inovação dentro da UEPG”, acrescenta. Em 2024, Agipi e Propesp intensificaram as parcerias para alavancar as possibilidades da iniciação tecnológica. “Essa abordagem integrada reforça a missão de promover a inovação e conectar a universidade com o setor produtivo, ampliando o impacto social e econômico das suas iniciativas”.
O Encontro Anual de Iniciação Tecnológica é um evento que ocorre em parceria entre as Universidades Estaduais de Ponta Grossa, do Centro Oeste, de Maringá, de Londrina e do Norte do Paraná, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e da Fundação Araucária.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: arquivo pessoal dos entrevistados