Festa dentro e fora do palco. A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) encerrou, na noite deste domingo (13), a Mostra Nacional de Teatro – 50º Festival Nacional de Teatro (Fenata). A solenidade aconteceu no Palco A do Cine-Teatro Ópera, com revelação dos premiados das categorias, homenagem aos realizadores do Festival e espetáculo convidado.
O espetáculo Vereda da Salvação – Cia Beradeiro conquistou o prêmio principal, Melhor Espetáculo Adulto, e outros dois: Melhor Direção (Fabiano Amigucci e Fagner Rodrigues) e Melhor Atriz Coadjuvante (Beta Cunha). O Melhor Espetáculo Adulto – Júri Popular, foi para Leões, Vodka e um Sapato 23 (Cia de 2), que conquistou também o troféu de Melhor Figurino (Chris Galvan). De forma inédita, a maior parte dos vencedores participou da cerimônia remotamente, mas Fábio Freitas, representante da companhia “Teatro de Anônimo”, único artista que estava presente no encerramento, pôde receber em mãos os três troféus conquistados pelo espetáculo O Cão Chupando Manga: Melhor Ator; Melhor Texto Original e Melhor Iluminação (Guinga Ensa).
O Pequeno Príncipe, primeiro espetáculo bilíngue do Festival, em libras e português, também conquistou os prêmios de Melhor Atriz (Catharine Moreira) e Melhor Ator Coadjuvante (Lucas dos Santos). O espetáculo PaPeLê – Uma Aventura de Papel, da Téspis Cia de Teatro, foi duplamente contemplado, com Melhor Espetáculo Infantil e Melhor Sonoplastia. A Melhor Cenografia ficou com a Cia Talagadá, por Monstro e Cia. O artista Matheus Gonçalves levou para casa o reconhecimento pela Melhor Maquiagem, em Caravela da Ilusão.
O anúncio do resultado foi feito com arte. O Grupo de Teatro de Ponta Grossa entrou no palco com a relação dos vencedores. Após a intervenção artística, os papéis acabaram se rasgando. Tudo parecia perdido quando o diretor de Assuntos Culturais da UEPG, Nelson Silva Junior, apareceu com um envelope extra do resultado. “O Fenata 50ª edição nos trouxe novamente a emoção de um grande Festival”, destaca. Nelson agradece às equipes envolvidas na organização do evento. “Foi um Festival marcado pelo profissionalismo de atrizes, atores, técnicos, de produções que nos deixarão imagens e falas marcadas para sempre, escrevendo as novas páginas da história do Fenata.
A 50ª edição também marca o retorno do Grupo de Teatro Universitário (GTU), o qual deu forma ao Festival nos primeiros anos de sua formação. Uma personagem especial não poderia faltar nos agradecimentos. “Ela estava afastada e hoje retornou. Sem ela o teatro não existe: a plateia. Muito obrigado às pessoas que acompanharam o Festival. Viva o Teatro e Viva o Fenata”, finaliza Nelson.
Para o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, o Fenata de número 50 retomou mais do que o formato presencial dos espetáculos: reativou o grupo de teatro universitário e, entre tantas outras inovações, ofereceu formação aos artistas, com oficina ministrada por Fátima Ortiz e Juliana Spricigo. “Tivemos um Festival com peças de altíssimo nível, avaliadas por um júri incrível, que contou com a participação brilhante de Guta Stresser, um talento paranaense”, explica.
O momento da premiação, do reconhecimento dos artistas e de sua arte, é o ponto alto da história que será contada para gerações futuras sobre a quinquagésima edição do Fenata, segundo Miguel. “Os espetáculos vencedores, e também todos os que participaram das mostras paralelas à competição, de grupos locais e nacionais; organização e voluntários; patrocinadores e apoiadores; todos merecem a nossa reverência”.
“Desde o êxtase da abertura, na terça-feira, passamos por um processo de encantamento”, enfatiza emocionada a pró-reitora de Extensão e Assuntos Culturais da UEPG, Maria Salete Marcon Vaz. “Tivemos nossos sentidos arrebatados, a cada espetáculo, colecionando memórias que ficarão para sempre nos nossos corações”. Maria Salete cita os abraços entre anônimos e famosos; o som dos adultos caindo no riso; o silêncio dos estudantes de uma escola rural, ao assistir, pela primeira vez, uma peça teatral; a sincronia das mãos, dos gestos e das palavras ditas – e interpretadas – em libras e português. “Pelo que vimos de inovador e por tudo aquilo que é tradicional, e que se repete a cada Festival, podemos dizer pela quinquagésima vez: este Fenata foi um sucesso!“, ressalta.
O sucesso declarado pela pró-reitora se definiu em números – foram 85 apresentações, com 26 grupos teatrais de todo o Brasil e 58 escolas e instituições inscritas para receber o Festival. O Fenata 51 já começa na próxima semana, segundo Maria. “Trabalhamos o ano todo para que tenhamos uma semana perfeita como esta que acabamos de vivenciar. Em 2023, aniversário dos 200 anos de Ponta Grossa, teremos um Festival ainda mais surpreendente”, completa.
Espetáculo e homenagem
O encerramento do 50º Fenata recebe ‘O Grande Circo Místico’, peça convidada, para fechar o último dia do Festival. O espetáculo é inspirado no poema de mesmo nome de Jorge de Lima, do livro A Túnica Inconsútil (1938). A peça foi composta por Chico Buarque e Edu Lobo especialmente para o Balé Teatro Guaíra, em 1982. A estreia ocorreu no Guairão, em março de 1983, e foi enorme sucesso no Brasil inteiro. A produção e realização do espetáculo ainda tem a parceria do Projeto Broadway – a primeira escola de teatro musical no Paraná.
Antes de revelar os vencedores, o Fenata reverenciou algumas pessoas fundamentais para que o Festival acontecesse. Para a entrega do troféu de homenagem, a solenidade chamou ao palco Daniel Frances, pela história construída ao longo das 50 edições do Fenata e por sua contribuição ao acervo; e Francisco Acildo de Souza, o Chiquinho, pelos anos de trabalho nos bastidores do Festival. O júri também concedeu um Prêmio Especial ao Grupo Nômade, pela pesquisa realizada para a construção do espetáculo ‘A Caravana dos Pássaros Errantes’, apresentada na categoria Teatro de Rua, na Praça Barão do Rio Branco, na última quarta-feira (09).
O Festival ainda recebeu homenagem de um de seus patrocinadores. A GMAD – Grupo Madcompen entregou uma placa que parabeniza a equipe organizadora e agradece o trabalho, “a todos que ajudaram a democratizar a arte e permitiram que Ponta Grossa vivesse teatro, respirasse arte e transpirasse cultura em todo os âmbitos”, diz a placa entregue pelo presidente da empresa, Álvaro Goes. “Alguns colaboradores receberam ingressos para participar do Fenata e o feedback foi muito positivo. Parabéns ao Fenata, que muitos empresários possam participar, pois todo esse investimento retorna para a nossa cidade. Que venham mais 50 anos!”, destaca.
Apoio
A Mostra de Teatro – 50º Festival Nacional de Teatro (Fenata) é realizada pelo Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Fundação de Apoio à UEPG (FAUEPG), com patrocínio da GMAD, Deragro – empresa do Grupo Lavoro, Belgotex do Brasil, Tratornew e Shopping Palladium. Conta ainda com o incentivo da Prefeitura de Ponta Grossa, por meio da Secretaria Municipal de Turismo (Setur) e Conselho Municipal de Turismo (COMTUR). O Fenata tem o apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Teatro Marista Pio XII, Fecomércio – Sesc Estação Saudade e Museu Campos Gerais; e promoção da RPC.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Aline Jasper, Amanda Santos, Fabio Ansolin, Gabriel Miguel, Jéssica Natal, Julio Cesar Prado, Luciane Navarro e Equipe Gabriel Ramos