E quem entrou para a história da UEPG foi a aluna Jéssica Carolina dos Santos Paiva. Graduada em licenciatura em Pedagogia no início de 2024 pela própria UEPG, Jéssica já ingressou no mestrado em Educação este ano. E uma das exigências do mestrado é a proficiência em língua estrangeira, que deve ser feita ainda no primeiro ano. A prova foi aplicada de maneira online para diversos candidatos no dia 10 de novembro (domingo).
“Eu me sinto feliz e grata ao mesmo tempo por ser a primeira pessoa com deficiência visual a realizar essa prova. Com as adaptações solicitadas e atendidas, sei que estou abrindo caminho para que outras pessoas, não só com deficiência visual, mas outras deficiências, possam chegar até aqui”, destaca Jéssica. Ela também agradeceu à Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) pelo apoio que recebeu, e ao Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância (Nutead), que foi quem aplicou a prova.
A coordenadora do PPG em Educação, professora Simone Regina Manosso Cartaxo, conta que em 2021 foram aprovadas políticas e ações afirmativas para o processo seletivo, com a inclusão de cotas para pessoas negras, trans, indígenas e com deficiência. “Em 2023 tivemos a inscrição de algumas pessoas com deficiência visual, inclusive a Jéssica, e que precisariam de condições especiais para a realização da prova. Contatamos o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) para nos ajudar a instalar um programa que pudesse ser usado pela candidata. Ela fez a prova em uma sala especial, com o acompanhamento de uma professora, e com tempo ampliado”.
Ela disse ainda que, após a aprovação da Jéssica, foi realizada uma reunião entre todos os pares para que a aluna indicasse suas necessidades para ser melhor atendida, e um dos fatores apontados foi a prova de proficiência em língua estrangeira. “Esta demanda da aluna Jéssica está nos dando a possibilidade de criarmos protocolos, caminhos e estratégias para que possamos atender pessoas com necessidades especiais. Isso nos ajuda a pensar no direito de todas as pessoas estar na Universidade e também na pós-graduação, porque eles estão junto conosco, construindo os caminhos para que outros possam estar presentes também na pós-graduação”, finaliza a coordenadora do PPG em Educação.
No dia da realização da prova, foram mobilizadas diversas pessoas para que Jéssica pudesse fazê-la da melhor maneira possível. Por ser uma avaliação online, ela poderia ter feito em casa, mas a estrutura da Nutead foi colocada à disposição para que ela fizesse conforme suas necessidades. Uma das necessidades mais importantes é a presença de um ledor/transcritor e de um guia para a realização da prova. É o que explica a professora do Departamento de Estudos de Linguagem (DEEL) da UEPG, Simone de Fátima Colman Martins. Pesquisadora da área da deficiência visual, ela atuou como guia durante a avaliação, enquanto a coordenadora da Escola de Línguas e Culturas (Eslin-UEPG), Valeska Gracioso Carlos, foi a ledora da prova em língua espanhola, opção escolhida por Jéssica. Segundo Simone, em alguns casos, o ledor/transcritor é também guia, entretanto, em testes de línguas específicas, como a prova de proficiência, os aplicadores precisam oportunizar um ledor/transcritor fluente na língua do exame e um guia, ou seja, uma pessoa que atue e conheça o universo da pessoa com deficiência.
Ela disse ainda que ver a UEPG trilhar este caminho e buscar ser mais inclusiva, lhe traz muita alegria e orgulho, uma vez que fez a graduação e o mestrado nesta universidade. “Poder participar deste momento e desta transformação é muito gratificante”, finaliza.
Ledora da prova de Jéssica, a professora Valeska destaca que a novidade em todo o processo foi desafiador e que a partir de agora esse olhar sobre a acessibilidade nos processos seletivos será feita da melhor maneira possível. “Entrei em contato com a professora Simone Colman e avisei que iríamos fazer essa prova especial para Jéssica e perguntei se poderia nos ajudar. Sabia que ela tinha experiência nessa área e pedi para ela me auxiliar”. Segundo Valeska, como a opção de língua espanhola foi a escolhida pela aluna, ela se dispôs a realizar a leitura, já que essa é sua área de formação.
UEPG organiza sua própria prova de proficiência em língua estrangeira desde 2019
Coordenada pelo Escritório de Relações Institucional (ERI-UEPG) e pela Eslin-UEPG, a prova de proficiência em leitura em língua estrangeira da Universidade é elaborada por professores do DEEL. De acordo com a coordenadora do ERI, professora Sulany Silveira dos Santos, a prova passou a ser produzida pela UEPG em 2019 a partir de uma solicitação da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp), pois antes ela era ofertada por um curso de línguas privado da cidade. “Desde 2020, devido à pandemia, a prova começou a ser ofertada remotamente por meio de um sistema desenvolvido pela Nutead especialmente para essa prova. Por conta disso, temos atendido alunos de pós-graduação de diferentes estados do Brasil, não somente da UEPG”, destaca a professora Sulany.
Segundo ela, em média 200 candidatos realizam a prova de proficiência anualmente em duas edições: uma no primeiro e outra no segundo semestre. As provas são ofertadas para proficiência em inglês, espanhol, português para estrangeiros e francês. Candidatos que possuem o interesse de realizar a prova de proficiência em leitura em língua estrangeira da UEPG podem acessar o site exclusivo e obter maiores detalhes sobre todo o processo.
Texto e fotos: Tierri Angeluci