Professoras da UEPG compartilham o trabalho e a trajetória das mulheres na ciência

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Valorização, crescimento profissional e realização de objetivos na busca pelo conhecimento. Estas são as metas que as pesquisadoras da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) compartilham para celebrar o Dia Internacional das Meninas e Mulheres na Ciência, comemorado hoje (11). Presentes em todas as áreas do conhecimento, elas celebram a conquista de espaços para construção do conhecimento em meio aos desafios na academia.

A data celebra a importância das mulheres em todas as etapas da produção científica na UEPG, declara a diretora de Pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp), professora Bárbara Fiorin. “Da iniciação científica júnior à pós-graduação, na docência, na pesquisa e na liderança. Mulheres e meninas fazem ciência, transformam realidades e inspiram novas gerações”, celebra a diretora e também pesquisadora, que exalta a importância das mulheres cientistas como incentivo para formar e impulsionar mais meninas na Ciência.

Professoras da UEPG estão entre os pesquisadores da instituição que foram contemplados com financiamento para pesquisas por meio do Programa de Bolsas de Produtividade em Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Fundação Araucária. Ao todo, 17 projetos desenvolvidos na instituição foram selecionados para receber o financiamento, por meio de processo seletivo em que participaram todas as IES do Paraná.

Números, tecnologia e pertencimento 

A matemática e a tecnologia se transformam em ferramentas para a promoção da inclusão. O projeto de pesquisa Promoção da Educação Inclusiva, aprovado no edital de bolsas produtividade da Fundação Araucária, reúne os conhecimentos das duas formações da sua coordenadora, Ana Lúcia Pereira, psicóloga e professora do Departamento de Matemática da UEPG. Seu objetivo é desenvolver ferramentas digitais que facilitem o ensino e aproximam professores de crianças e adolescentes neurodivergentes.

Ana Lúcia comanda uma equipe de alunos de graduação e pós-graduação de diferentes cursos da Universidade para o desenvolvimento do projeto, que reúne conhecimentos nas áreas de educação, matemática, ciências e tecnologia. Como explica a coordenadora e criadora da pesquisa, ela surge da necessidade que compartilha com os colegas professores de buscar formas de aprofundar seus conhecimentos acerca de transtornos globais, de desenvolvimento e aprendizagem. “Enquanto psicóloga, eu posso observar a necessidade que eu, enquanto professora, tenho para adquirir novas habilidades e melhorar o serviço oferecido a esses alunos”, explica.

A expectativa da professora é que o projeto contribua não apenas com as pesquisas desenvolvidas na Universidade, mas também com o desenvolvimento da educação básica, ao focar no preparo de professores para pensarem em novas formas de inclusão. “Esta experiência nova é a realização de um sonho, porque desde os meus estudos de Mestrado e Doutorado a psicologia já estava presente e alinhada com a matemática. Então me formei em psicologia com o intuito de buscar mais contribuições da psicanálise para a educação”.

Ana traz para o projeto toda a bagagem da sua formação, a fim de promover uma educação inclusiva de fato. “A matemática é uma das disciplinas que os alunos encontram muita dificuldade, mas não é normal um aluno sair do sexto ano odiando a disciplina. Creio que é necessário encontrar o equilíbrio entre o conteúdo e o saber ensinar”. A pesquisadora conta que durante seus vinte anos como professora da rede básica, buscou formas de tornar mais fácil a compreensão, por meio de brincadeiras e jogos.

De toda sua vivência e acúmulo de saberes, surge o projeto aprovado pela Fundação Araucária. “Fiquei muito feliz com a aprovação quando soube, porque ele nasce de um desassossego. E como somos movidos por nossos objetivos, o projeto vem como uma forma de avançar o olhar para a inclusão de fato”. Aprovado sob a categoria Ciências Humanas, “Promoção da Educação Inclusiva” já reúne alunos de diferentes cursos da Universidade.

“Este projeto parte do entendimento que inclusão não se resume à acessibilidade, mas engloba o sentimento de pertencimento. Então, por meio de ferramentas digitais, ele tem por objetivo fazer a formação de professores para minimizar o desafio que enfrentam em sala de aula”. A professora reforça que o desenvolvimento da pesquisa contará com a participação voluntária de professores de diferentes áreas do conhecimento, para participar das formações inclusivas. “O resultado esperamos encontrar na melhor integração dos alunos em sala de aula”.

A trajetória das mulheres pesquisadoras de diferentes gerações se encontra na construção conjunta do conhecimento. Ao lado de Ana Lúcia está Maria Eduarda Oliveira, aluna de Engenharia de Computação, que tem no projeto Promoção da Educação Inclusiva seu primeiro contato com a pesquisa. “Eu me importo muito com a Educação, então sempre busquei me aprofundar no tema. Desde que tive contato com a professora Ana e o projeto, encontrei o propósito para minha formação em Computação, onde pude aplicar esses conhecimentos para ajudar à pessoas”. Maria declara que a experiência lhe mostrou a pesquisa como uma área essencial para explorar novas áreas que demandam atenção.

Turismo, meio ambiente e ludicidade

Várias peças de um jogo da memória espalhadas sobre a mesa – elas trazem imagens de animais, plantas e personagens típicos da região dos Campos Gerais. Mais do que parte de um jogo, aquelas são peças do trabalho de uma vida dedicada aos estudos sobre o turismo em áreas naturais. À frente da pesquisa está Jasmine Cardozo Moreira, professora do Departamento de Turismo da UEPG e uma das pesquisadoras contempladas pelo fomento das bolsas produtividade, para desenvolver seu trabalho sobre turismo em áreas naturais.

O jogo da memória, desenvolvido por Jasmine e a equipe do Laboratório de Turismo em Áreas Naturais (Labtan) da UEPG, em parceria com o Parque Nacional dos Campos Gerais, é uma ferramenta técnica que demonstra o potencial dos jogos para a divulgação científica. Chamada de meio interpretativo ou não personalizado – por não ter intermédio de um intérprete humano – a ferramenta tem como objetivo é trabalhar a educação ambiental, oferecer informações sobre os componentes do atrativo natural e traduzir conhecimentos científicos sobre o tema de maneira lúdica para os visitantes e comunidade que habita e cerca as áreas de preservação.

A missão de Jasmine, enquanto pesquisadora, consiste em fomentar o conhecimento nestes atrativos naturais, por meio de técnicas e tecnologias que conectem os turistas à natureza ao seu redor. Seu trabalho vai além das paredes do Labtan, no Campus Centro da UEPG e repercute nas matas preservadas do Parque Nacional dos Campos Gerais, no Parque Estadual de Vila Velha, em Fernando de Noronha, na Amazônia, e tantos outros recantos naturais Brasil afora por onde passou e que se destacam pela beleza atrativa para turistas de todo o mundo.

“A conquista da bolsa produtividade representa a possibilidade de levar o projeto a uma nova etapa”, celebra Jasmine. A novidade consiste em levar os projetos de interpretação ambiental ao meio digital, por meio de novas tecnologias, como sites e aplicativos, para fomentar o turismo em áreas naturais. “O financiamento é, ao mesmo tempo um reconhecimento por toda uma carreira dedicada a estudar o assunto e um estímulo para continuar a divulgação dos temas”.

Para Jasmine, além de contribuir para a continuidade e ampliação da pesquisa que desenvolve, incentivos como o financiamento realizado pela Fundação Araucária promovem a valorização das ciências sociais e o reconhecimento do Turismo enquanto ciência. “Esta é uma bandeira que eu carrego e vai de encontro ao grande desafio de sermos reconhecidos como ciência. Mas assim como em toda produção de conhecimento, seguimos etapas e metodologias para desenvolver nosso trabalho”.

Para a professora, fortalecer a pesquisa em Turismo também é uma forma de mudar a visão sobre a formação na área e as oportunidades profissionais que ela oferece. “Fico muito feliz com oportunidades, como esta, que permitem divulgar a minha área, onde poucos pesquisadores tem reconhecimento. E quando o reconhecimento vem, é um estímulo para pesquisadoras e pesquisadores interessados em trabalhar na área”, celebra.

Jasmine destaca que o maior desafio para as mulheres pesquisadoras é conciliar a vida pessoal e profissional, sobretudo para as mulheres que são mães. “Nem sempre temos tempo suficiente para tudo. Por isso, o conselho que eu dou à nova geração de mulheres cientistas é: sejam persistentes, estudem muito e busquem apoio de seus colegas sempre que necessário”, reforça a pesquisadora.

Texto e fotos: Gabriel Miguel

 

 

 

 


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