Parceria entre as Engenharias de Software e de Materiais pensa soluções criativas

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As autoridades que visitam a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) agora recebem um presente diferente para lembrar da estadia na instituição. A pequena araucária em MDF recortada a laser vem desmontada: é preciso encaixar, peça por peça, para formar a representação tridimensional da árvore. O regalo foi produzido pelos laboratórios 3Dea, da Engenharia de Materiais, e de Computação Gráfica, da Engenharia de Software.

A inovação não para por aí: esse é só um exemplo do que essa parceria entre os laboratórios pode produzir de soluções criativas para problemas diversos. “Transformar ideias e soluções em realidade, tirando do papel e tirando da cabeça”. Segundo o professor Benjamin de Melo Carvalho, da Engenharia de Materiais, esse é o mote da parceria, que surgiu durante a pandemia de Covid-19, para produzir protetores faciais (face shields) e se desdobrou em novos produtos e novas soluções. Utilizando a manufatura aditiva, ou impressão 3D, o corte a laser e o scanner 3D, é possível construir protótipos, peças e representações para os mais diversos fins. “Nós buscamos a capacidade de transformar ideias em soluções de forma barata e rápida”, resume o professor Benjamin.

As possibilidades são infinitas: um mapa impresso em 3D para se estudar geografia de forma lúdica, inclusive para alunos cegos; próteses e órteses para uso na saúde; o escaneamento e impressão de fósseis expostos no Museu de Ciências Naturais da UEPG, para confeccionar lembranças (souveniers) e também para expor com maior segurança os itens mais frágeis. “O trabalho em parceria em sido muito bom para desenvolver pesquisas na questão da inovação ou desenvolvimento de patentes, mas o principal é a gente realmente entregar uma solução, seja na área médica, na educação ou outras áreas”, enfatiza Benjamin.

A parceria entre os cursos vem para somar esforços. O professor Mauricio Zadra Pacheco, coordenador do curso de Engenharia de Software, aponta que trabalhar junto permite construir coisas novas. “Eu sempre falo para os alunos que a Engenharia de Software, na maioria das vezes, não é o fim, mas sim o meio. Então, nós temos que aplicar os conhecimentos que temos em outras áreas”, diz. “E isso se reflete também no aprendizado dos acadêmicos, que conseguem desenvolver as habilidades junto com outras áreas que não são objeto de estudo diário deles, como a Engenharia de Materiais, a área de saúde, a geografia, história, e todos nossos parceiros”.

Pesquisa e aplicação

Os projetos são espaço para estudos e pesquisas de graduação, mestrado e doutorado. Milena Nogueira é mestranda em Engenharia de Materiais e desenvolve pesquisas na produção de filamentos modificados, com partículas microbicidas para aplicações biomédicas. Os filamentos são os materiais utilizados para a impressão 3D. “Já existem filamentos microbicidas no mercado, mas o custo é alto e, muitas vezes, inviável. Então a gente produz esses filamentos e faz os testes nos outros laboratórios, como o de Biologia, para ver se eles têm tanta eficiência quanto o filamento comercial”, explica. A partir daí, vêm as parcerias, como com o Hospital Universitário, para produzir próteses e órteses.

“É bom saber que a universidade é pública é para todos e a pesquisa é para todos”, comemora Milena. A atuação na indústria antes de cursar o Mestrado não trouxe a satisfação profissional que ela buscava: a de saber que faz algo do zero e vê aplicação na prática.

Essa também é a visão do doutorando em Engenharia de Materiais, Bruno Cordova. Ele também atua na produção de filamentos com vários materiais diferentes, além da rotina na impressão de peças em 3D. “Eu estudo aqui desde 2010. Eu fiz o TCC, na teoria, bonitinho, mas não reverteu em nada aplicado”, conta. A experiência o instigou a buscar a pesquisa aplicada durante a pós-graduação. “É uma questão de interação entre a universidade e a comunidade”.

Quando Lucas Burgardt, acadêmico de Engenharia de Software, entrou na Universidade, não fazia ideia de que o curso o permitiria aprender mais sobre a impressão 3D. Hoje, depois de atuar no laboratório, ele pensa até mesmo em comprar uma impressora para uso pessoal e profissional. Para ele, a integração com outras áreas do conhecimento contribui para desenvolver projetos mais complexos. “A cooperação em todas as partes é sempre bom, ainda mais que uma parte complementa a outra, e a gente consegue atingir os objetivos que sozinhos talvez não conseguíssemos”, finaliza.

“A ideia é trabalhar com pesquisa, com extensão e, claro, na formação dos nossos acadêmicos de graduação, pós-graduação, mestrado, doutorado”, aponta o professor Benjamin. “O que realmente a gente está mostrando é a relevância que a universidade tem para a sociedade”.

Uma floresta produzida na UEPG

A árvore-símbolo do Paraná, presente nas fachadas dos dois campi da UEPG, foi a escolhida para representar a Universidade. Como conta o professor Benjamin, a demanda partiu da reitoria: um kit produzido na própria universidade com o qual fosse possível presentear visitantes e autoridades. “Quando a gente visita grandes universidades, mesmo no exterior, a gente recebe brindes, mas na maior parte das vezes são produtos que não foram feitos na própria instituição”, diz. “Daí veio o desafio para produzirmos algo marcante”.

Neste mês, em Foz do Iguaçu, os participantes do 33º Encontro de Reitores da rede de Universidades da Zona de Integração do Centro Oeste da América do Sul (Zicosur), entidade presidida pela UEPG, puderam conferir em primeira mão o brinde. Não havia quem não se encantasse com o “quebra-cabeças” que se torna uma araucária. Mais do que uma lembrança da Universidade, as pequenas araucárias são um símbolo do papel das Universidades Públicas na construção de soluções para um mundo mais inovador.

Texto: Aline Jasper | Fotos do Laboratório: Aline Jasper e Fabio Ansolin | Fotos do 33º Encontro da Zicosur: Jessica Natal


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