O plantio direto é uma técnica diferenciada de manejo do solo, que busca diminuir o impacto da agricultura e das máquinas agrícolas. Na Fescon, a prática protege o solo, reduz a erosão e mantém uma maior concentração de nutrientes, o que retém a concentração de carbono dentro do solo. “As técnicas de cuidado e preservação do solo já existem há alguns anos dentro da Fazenda Escola. O que a gente vem fazendo hoje é o aperfeiçoamento dessas técnicas, conforme as tecnologias vão sendo desenvolvidas, até porque existe hoje um incentivo global, já estabelecido em vários países, a respeito do tema”, explica o coordenador da Fazenda Escola, Orcial Bortolotto.
A preocupação pela redução da emissão de carbono pelo ar é mundial. O elemento contribui para o chamado “efeito estufa”, que ocorre quando a radiação solar, na forma de ondas curtas, aquece a superfície terrestre e parte da radiação é refletida novamente na forma de calor. A temperatura é bloqueada por alguns gases, como CO², o que intensifica a sua retenção nas camadas mais baixas da atmosfera. “Muito se fala nessa questão da emissão de carbono atmosférico, mas dentro do solo é onde se encontram três vezes mais a concentração desse elemento, quando comparado, por exemplo, com o ar”, explica Orcial, que é também professor de Agronomia na UEPG.
Importância
A retenção do carbono no solo também aumenta a produtividade das plantações e auxilia no processo de fotossíntese das plantas. O processo na Fescon acontece com rotação de culturas de milho, feijão, soja e aveia. “O carbono fica posteriormente disponibilizado no solo, o que se converte numa maior riqueza nutricional, para que as plantas possam, na sequência, também se desenvolverem”, adiciona Orcial.
Além do sistema de plantio direto, a Fazenda ainda trabalha com outras estratégias, como mix de coberturas de plantas sobre o solo, os chamados ‘adubos verdes’. “Essas plantas, quando depositadas, protegem o solo, reduzem problemas de plantas daninhas e causam um enriquecimento nutricional. Toda essa massa seca de plantas são importantes nessa questão do sequestro do carbono e posterior incorporação na terra”. Estudos apontam que um hectare
Orcial informa ainda que trabalhos desenvolvidos dentro da Fescon demonstram que um hectare de folhas de plantação de milho deixa em torno de 8 a 9 toneladas de massa de proteção no solo, posteriormente. “Temos 15 hectares de produção de eucalipto, que consegue capturar de 5 a 8 toneladas de carbono por hectare. E aqui tem eucalipto que já tem mais de 30 anos, então também se torna uma ferramenta muito importante dentro dessa questão”.
O planejamento, a partir dos anos de 2024 a 2025, é intensificar os estudos e formas de manejo para reduzir a emissão de carbono no ar. “Com um monitoramento junto com grupos de pesquisa e empresas, nós vamos implantar, de forma gradual e monitorada, novas técnicas de preservação do solo”, finaliza.
Texto e fotos: Jéssica Natal