Nesta sexta-feira (23), a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) recebeu estudantes da instituição para esclarecer ações tomadas para averiguar a denúncia de prática de racismo em grupos de mensagens de acadêmicos da instituição. A reunião aconteceu na Sala dos Conselhos, prédio da Reitoria, após manifestação realizada pelos discentes em frente ao Restaurante Universitário. Alunos puderam tirar suas dúvidas a respeito dos trâmites do caso.
Estiveram presentes, representando a instituição, a pró-reitora de Assuntos Estudantis (Prae), Ione Jovino; o pró-reitor de Graduação (Prograd), Miguel Archanjo de Freitas Júnior; o chefe do gabinete da Reitoria, Rauli Gross; o prefeito do Campus, Elias Pereira; e a chefe da Procuradoria Jurídica da UEPG, Adriana de Fátima Campagnoli.
Ação
Em 22 de agosto, por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), a UEPG recebeu uma denúncia anônima sobre mensagens com teor racista, nazista e homofóbico em grupos de mensagens de estudantes matriculados. No dia seguinte (23), a Prae abriu processo na Ouvidoria e encaminhou a denúncia ao Ministério Público do Paraná. Com base na denúncia, a instituição determinou o afastamento cautelar de sete acadêmicos em 22 de setembro e, no mesmo dia, abriu sindicância.
Em até 30 dias, com o término do inquérito administrativo que apura o caso, os envolvidos podem sofrer as medidas disciplinares previstas no regimento institucional, que tem como uma das possibilidades de resultado a exclusão dos estudantes do quadro discente da instituição. A conclusão do inquérito será enviada ao Ministério Público do Paraná, que já investiga o caso desde agosto. Complementarmente às campanhas já realizadas historicamente pela Universidade, a UEPG intensificará ações de sensibilização sobre direitos humanos junto à comunidade interna.
Histórico
Desde 2018, a UEPG conta com um órgão que trabalha exclusivamente com interesses dos estudantes, quanto à sua permanência e inclusão – a Prae, a primeira das Universidades Estaduais do Paraná, na qual a Diretoria de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD-PRAE) atua exclusivamente com temas relacionados ao combate à discriminação. Entre as inúmeras ações, em novembro do ano passado, a Prae participou da Cátedra Unesco de Educação Superior e Povos Indígenas e Afrodescendentes na América Latina, que debateu ‘Universidades Estaduais do Paraná na Luta Contra o Racismo’.
Na graduação, 15% do total de suas vagas são destinadas para cotas raciais. Em levantamento recente, a Prae identificou que o número de estudantes da graduação se apresenta como 1,15% amarelos, 80,55% brancos(as), 0,4% Indígenas, 13,30% Pardos(as), 3,1% Pretos(as) e 1,57% não autodeclarado. Assim, o percentual de estudantes negros na instituição é de 16,4%.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Fabio Ansolin