

Em uma sessão do Conselho de Administração da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) na manhã desta segunda-feira (28), Dia da Educação, foi apresentada a revitalização da Sala dos Conselhos do bloco da Reitoria. O principal espaço de decisão da UEPG e sala de visitas para convidados ilustres, como ministros, pesquisadores internacionais, onde acontecem coletivas de imprensa, formaturas e eventos especiais, passou por reforma pela primeira vez desde a construção do prédio, em 2002.
Para o vice-reitor da UEPG e presidente do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão, professor Ivo Mottin Demiate, a reforma permite valorizar a apresentação da UEPG ao público interno e externo. “É um espaço democrático onde se reúnem os conselhos superiores e também um espaço onde nós recebemos a comunidade externa, visitantes ilustres, secretários de Estado, ministros do governo federal, empresários, professores, pesquisadores, enfim, toda a comunidade”, descreve. “A Universidade Estadual de Ponta Grossa é protagonista no ensino, pesquisa e extensão, destaque nos rankings e avaliações e agora o espaço traduz essa imagem”.
É um espaço totalmente renovado, em uma iniciativa a várias mãos. O projeto foi cedido pela designer Juliana Sanches, a obra foi financiada pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, Científico e Tecnológico da UEPG (Fauepg) e a fiscalização ficou por conta da Prefeitura do Campus (Precam). A Coordenadoria de Comunicação (CCom) ficou responsável pela identidade visual e elementos gráficos e o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI) cuidou da tecnologia e conectividade da sala, tornando-a mais moderna. Nesse sentido, a Sala conta com uma televisão de 85 polegadas pareada com uma tela interativa viabilizada por meio do Núcleo de Tecnologia e Educação Aberta e a Distância (Nutead).
Como conta o prefeito do Campus, Elias Pereira, foram realizadas diversas intervenções para garantir a modernização, conforto e segurança do ambiente. “Foram trocadas as esquadrias, sendo substituídas as de metal por novas em PVC. Estas esquadrias permitem um melhor conforto térmico e acústico para o ambiente, e seguem o mesmo padrão das esquadrias utilizadas em todas as fachadas externas do Campus Central”, explica. “Foi atualizado o sistema de climatização, com equipamentos mais modernos e eficientes energeticamente. Foi trocado o carpete por um modelo para alto tráfego, indicado para ambientes comerciais”. Além disso, a reforma contemplou novas instalações elétricas, bem como novas luminárias em LED, pintura da sala, novas bancadas de trabalho com cadeiras, painel e telas para visualização dos documentos e materiais. A designer Juliana Sanches complementa que as melhorias buscam ainda o conforto dos usuários, tanto físico quanto térmico e acústico. “Também fizemos a adequação para acessibilidade”, acrescenta.
A Coordenadoria de Comunicação da UEPG acompanhou a criação do projeto e execução. “A sala dos conselhos é um repositório da memória das decisões que transformaram a Universidade”, diz a chefe da CCom, Luciane Navarro. “É um espaço democrático, onde se debatem os rumos institucionais. Enfim, um lugar de mudança que merecia novos ares para inspirar a inovação e tornar, por meio do ambiente, debates duros um pouco mais leves”.
Eram 19h30 de uma sexta-feira, 01 de junho de 1973, e 17 conselheiros se reuniram pela primeira vez para deliberar sobre a criação do Conselho Universitário, sob a Presidência do reitor, Álvaro Augusto Cunha Rocha. Naquela primeira, histórica reunião, estavam presentes o vice-reitor Odeni Villaca Mongruel; Osmário Pimental dos Santos; Oswaldo Sowek; Waldir Silva Capote; Alcione Borges de Andrade; Daniel Albach Tavares; Fernando Machuca; Rubens Pereira da Silva; Wolfgang João Meyer; Rubens Edgard Fürstenberg; Dalton Nadal; Leônidas Justus; José Bittencourt de Sá; Antonio Armando Cardoso de Aguiar; Manoel Lobo da Silva Brasil; e Alfredo Berger.
Deliberar sobre a criação do órgão era mera formalidade, visto que os três Conselhos Superiores já estavam previstos no ato de criação da UEPG: Conselho Universitário, Conselho de Administração e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão.
Essa primeira reunião – e a maior parte delas, até 2002, aconteceu na Sala de Reuniões da Reitoria, depois renomeada Sala dos Conselhos, no Bloco A do Campus Centro. Com a construção do bloco da Reitoria no Campus Uvaranas, as reuniões ganharam espaço privilegiado no novo prédio.
A construção do bloco da Reitoria teve o objetivo de atender a uma demanda histórica: a necessidade de espaço para abrigar as unidades administrativas de uma universidade em constante expansão. A obra teve início em 2000 e teve três etapas, finalizadas, respectivamente, em setembro de 2001; dezembro de 2002; e junho de 2010.
A Sala dos Conselhos foi construída na segunda etapa, inaugurada em 13 de dezembro de 2002. A sessão solene de inauguração contou com a presença do reitor Paulo Roberto Godoy, do vice-reitor ítalo Sérgio Grande, autoridades civis e universitárias e o deputado federal Affonso Alves de Camargo Netto, que viabilizou os recursos necessários para a construção do novo prédio através de emendas orçamentárias junto ao Governo Federal. A obra iniciou na gestão de Roberto Frederico Merhy e Leide Mara Schmidt à frente da Reitoria.
A mudança da Sala representa o crescimento da Universidade: os Conselhos não mais cabiam ao redor da longa mesa de madeira eternizada nas fotografias dos primeiros anos da Universidade. Como a instituição crescia, era preciso de um espaço maior. Fez-se, então, uma sala plenária em formato de auditório, lotação maior do que a anterior e multifuncional.
Com esta estrutura mais versátil e seu caráter de abrigar os órgãos deliberativos superiores, a Sala dos Conselhos recebeu diversos eventos importantes da Universidade ao longo dos últimos 23 anos. O espaço viu desde a visita de autoridades, como a Ministra do Turismo, em 2024, e pesquisadores de renome internacional, até a realização de coletivas de imprensa para temas diversos de interesse institucional, reuniões com a comunidade interna e externa e um sem-número de formaturas.
Da poesia e do magistério de Helena Kolody, uma das maiores poetas brasileiras, é possível tirar muitos conselhos. Na Sala que agora leva seu nome, conselheiros e visitantes podem se inspirar com um de seus mais famosos haicais, “Dom”: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um sol. Outros nem conseguem vê-la”.
Há uma relação entre a poeta nascida em Cruz Machado, professora, escritora e Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Paraná e a cidade de Ponta Grossa, por onde passou antes mesmo da criação da UEPG. Entre 1933 e 1937, lecionou na Escola Normal de Ponta Grossa – colégio dedicado à formação de professores -, nas disciplinas de Biologia e de Metodologia e Prática de Ensino. “Nasci professora e sempre amei ser professora! A poesia foi um canteiro de flores que nasceu à beira do meu caminho do magistério”, contou em entrevista a José Wille, em 1998.
No jornal Diário dos Campos, deixou registrada sua passagem por Ponta Grossa com artigos em uma “Página Feminina”. Como conta Luisa Fontes, que estuda a biografia de Helena Kolody, ela foi uma das poucas autoras a assinar os textos com o próprio nome. “À exceção da própria Helena, de Anita Philipovsky – na época já consagrada – e de Emília Dantas, todas as demais “escritoras”, em sua maioria professoras ponta-grossenses, assinavam usando pseudônimos ou apenas as iniciais”.
Helena Kolody viveu 91 anos, lecionou no Instituto de Educação de Curitiba por 23 anos e publicou dezenas de livros de poesias. Foi a primeira mulher a escrever e publicar haicais, poemas curtos de origem japonesa, no Brasil. Ocupou a cadeira 28 da Academia Paranaense de Letras.
Agora, a Sala dos Conselhos da Universidade Estadual de Ponta Grossa passa a homenagear em seu nome e contar com a inspiração, conselhos e a estrela de Helena Kolody.
Texto: Aline Jasper | Fotos: Arquivo CCom, Aline Jasper, Erica Fernanda, Fabio Ansolin, Gabriel Miguel, Larissa Godoy, Luciane Navarro, Tierri Angeluci
“Como o raio de sol torna um quarto risonho, Alegra o coração a eterna luz do sonho. Se as sombras do caminho esperas dissipar, Conserva dentro d’alma, eternamente erguida, A lâmpada de um sonho, inquieto como a vida, Alto como o infinito, imenso como o mar”. “Conselho” Helena Kolody