Nem era para Gilce estar ali, naquele dia. “Eu ia tirar férias em fevereiro, mas pedi para minha chefia para antecipar para janeiro”, lembra. Era 11h40, logo antes do horário de almoço, quando um aluno de Serviço Social entrou no Ambulatório avisando que havia alguém caído no jardim em frente à UEPG. “Passei a mão nos equipamentos e me mandei”. Chegando lá, Zuli estava caída, em parada cardiorrespiratória. Enquanto as pessoas ao redor ligavam para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Gilce começou a manobra de reanimação cardiopulmonar (RCP).
Normalmente, em uma manobra do tipo, dois profissionais de saúde se revezam a cada dois minutos nas compressões torácicas, procedimento que exige força e é cansativo. Mas nesse caso, Gilce estava sozinha e a ambulância levou cerca de quinze minutos para chegar. “Me senti tão insegura, parecia que eu era tão pequena ali, com aquela vida na minha frente e eu pensava ‘meu deus, eu não vou conseguir’. Pedi pra deus que me ajudasse”. O esforço valeu a pena – e a experiência de anos trabalhando em hospitais foi um diferencial para garantir a sobrevivência de Zuli.
Zuli ganhou uma chance de conhecer a pequena Melina, que nasceu em 10 de abril. “Como que eu ia morrer sem conhecer minha neta? A sensação é de que ganhei um presente de Deus”. A gratidão é o sentimento que fica marcado no abraço carinhoso entre Zuli e Gilce. “Se não fosse por ela, eu não estaria aqui agora”.
Arte de cuidar
“Eu não me vejo fazendo outra coisa”. A declaração é de quem ama profundamente a rotina da enfermagem e se dedica, todos os dias, a cuidar de outras pessoas. Nos Hospitais da UEPG, a Ângela, o Marlon, a Ana Maria e a Maria Elisângela são alguns dos enfermeiros e técnicos de enfermagem que trabalham para prestar assistência aos pacientes. Todos os dias, centenas de vidas são salvas pelo trabalho e pelo cuidado de cada um destes profissionais.
A função de coordenadora diminui o contato direto da enfermeira com os bebês internados na UTI, mas o carinho ao pegar no colo os pequenos pacientes denuncia que cada oportunidade de voltar à assistência é recebida com alegria. “Nossa missão é entregar de volta o bebê para a mãe, que confiou a nós seu maior amor”.
O enfermeiro assumiu a coordenação dos leitos de UTI Adulto do HU-UEPG no pico da pandemia de Covid-19, em 2021. Foi um desafio, mesmo para quem já conhecia bem o hospital e as rotinas da UTI. “Eu gosto muito da assistência ao paciente, tanto que quando me chamam para puncionar uma veia ou fazer algum procedimento, vou correndo”, lembra. “Mas sei que hoje, na posição que estou e com a experiência que eu tenho, preciso assumir essa posição de gestão”.
“É aquele que pega na mão, conversa. Se o paciente está com medo, você que dá segurança. Eu acho que a enfermagem é uma das profissões mais próximas do paciente”, define Ana Maria. Para a técnica e graduanda em enfermagem, a maior realização no trabalho cotidiano, mesmo que cansativo, é poder conversar, ter contato diário com os pacientes e saber que faz a diferença no conforto de alguém que está internado no hospital.
Longe de ter uma visão romantizada da profissão, ela explica que nem sempre tudo são flores: às vezes, tem sujeira, sangue, pessoas difíceis de lidar, lágrimas, perdas. Mas, ainda assim, é um trabalho gratificante. “É muito bom trabalhar com a felicidade das pessoas que têm seus bebês aqui na maternidade, e também é uma honra trazer um alento para quem não tem um desfecho tão feliz”.
“Nossa profissão é uma bênção na vida das pessoas”, classifica Maria. E é graças ao cuidado, amparo e carinho dos profissionais da enfermagem que vidas são salvas todos os dias.
Texto e fotos: Aline Jasper