Nesta semana, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) realizou as provas do Vestibular 2020 de forma pioneira. Foi a primeira Universidade pública do Paraná a aplicar o vestibular presencialmente desde o início da pandemia. Os 6500 alunos compareceram para concorrer às 1415 vagas disponíveis. As provas seguiram um protocolo de segurança e fiscais de prova foram previamente testados. Mas o momento pandêmico não escondeu as histórias dos que estiveram presentes na edição em formato inédito.
Fruto de escola pública, Bruno sabe a importância da disciplina na hora de estudar, para conseguir a vaga em seu primeiro vestibular. “Como as escolas tinham parado, terminei o terceiro ano todo de maneira online. Neste ano, continuei os estudos com videoaulas e fazendo mapas conceituais, para poder entender todo o conteúdo”.
O esforço para estudar no curso dos sonhos também transparece em Juliane Mehret. Ela tenta, pela terceira vez, conseguir uma vaga no curso de Ciências Contábeis. “Eu gosto muito de números, toda vida gostei. Na primeira vez em que tentei, fiquei na fila de espera, mas não deu. Espero que deste ano não passe”. Enquanto a vaga não vem, Juliane começou a estudar Radiologia em 2018. “Ainda não sei se gosto deste curso, mas tenho certeza da minha paixão por contábeis. Estou confiante de que agora vai rolar a minha vaga na UEPG”.
O momento de pandemia deixou João Luís Guedes saudoso de encontrar os alunos na UEPG. Com a oportunidade de ser um dos 1100 fiscais que atuaram no vestibular, o auxiliar de manutenção do Campus Uvaranas viu a oportunidade de ver novas pessoas. “Está sendo difícil de trabalhar sem os alunos, porque nosso serviço acaba sendo mais morno sem as pessoas ao nosso redor”, conta. Servidor da Universidade desde 2018, João comemora a organização do vestibular. “De início, fiquei um pouco tenso sobre como tudo iria acontecer, para que não houvesse aglomeração de pessoas. Mas ainda bem que deu tudo certo e está bem organizado”.
A preocupação da Universidade com o cenário atual teve seu reconhecimento, também, na Câmara Municipal de Ponta Grossa. A vereadora Josi, mais o coletivo (PSOL), concedeu uma moção de aplauso para a UEPG, em 1º de março. Em carta destinada ao presidente da Câmara, a representante menciona o adiamento dos provas do Vestibular e PSS. “Diante do agravamento da pandemia, inclusive com a confirmação da nova variação mais transmissível do coronavírus, a decisão da Universidade Estadual de Ponta Grossa de suspender e remarcar novas datas para a realização do Vestibular 2020 se mostra pertinente”.
Teste de Habilidades Específicas
Depois das provas de conhecimento geral, redação e questões específicas, foi a vez dos cursos de Licenciatura em Música e Licenciatura em Artes Visuais receberem os vestibulandos para o Teste de Habilidades Específicas (THE). As avaliações aconteceram de 4 a 6 de maio. A arte e a melodia não ficaram de fora, mesmo com as máscaras, necessárias para a proteção de todos.
O candidato Raony Tullio Carneiro conta que a escolha pelo curso de Licenciatura em Música se deu pela familiaridade com a arte desde pequeno. “Toco violão e fui me aproximando do curso da UEPG, conheci as pessoas que cursaram e como tudo funciona por aqui. Isso fez eu me interessar cada vez mais pela área”. Formado em Licenciatura em Geografia pela Universidade há 4 anos, Raoni aprovou o método de vestibular durante a pandemia. “Achei tudo bem organizado, desde o primeiro dia de provas, o que me fez ficar mais tranquilo”, completa.
Para garantir a segurança dos envolvidos, a UEPG elaborou um Protocolo de Biossegurança específico para o THE de Licenciatura em Música. Órgãos da UEPG deram suporte para a realização dos testes, como o Núcleo de Tecnologia da Informação (NTI), Coordenadoria de Processos de Seleção (CPS), Prefeitura do Campus (Precam), Pró-Reitoria de Recursos Humanos (ProRH) e a Pró-Reitoria de Planejamento (Proplan).
O protocolo de biossegurança para o THE de Licenciatura em Música foi elaborado pela pró-reitora de Planejamento, Andrea Tedesco, em conjunto com o chefe do Departamento de Artes Rogerio de Brito Bergold e os professores avaliadores da banca, Egon Eduardo Sebben, Rafael Dalalibera Rauski, Regina Stori e Ronaldo da Silva. De acordo com Andrea, os desafios para a segurança se concentraram nos instrumentos de sopro e no canto, nos quais os candidatos não poderiam usar máscara. “Foram destinados três ambientes distintos para a prova – uma sala para os professores avaliadores, uma sala para candidatos que não precisariam retirar máscara e outra para candidatos que fariam a prova sem máscara”. Neste terceiro ambiente, os agendamentos foram feitos com intervalos de uma hora, permitindo a ventilação entre cada audição.
As equipes do NTI, CPS, Precam e ProRH montaram a estrutura para a transmissão simultânea nas três salas e organizaram a higienização dos ambientes. O Hospital Universitário (HU-UEPG) forneceu os equipamentos de proteção individual e os professores Marcelo Ricardo Vicari e Mackelly Simionatto, com sua equipe, também realizaram os exames RT-PCR nos avaliadores, que usaram máscara, face shield e luvas. Andrea finaliza que “a realização segura do THE só foi possível com o trabalho de todas as equipes envolvidas, que atuaram de forma impecável na condução das atividades”.
Texto: Jéssica Natal | Fotos: Aline Jasper e Jéssica Natal