Museus da UEPG participam da Semana Nacional com diversas atividades e oficinas

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A 22ª Semana Nacional dos Museus (SNM) foi celebrada pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) com a participação do Museu Campos Gerais (MCG) e do Museu de Ciência Naturais (MCN). A abertura oficial aconteceu na última segunda-feira (13) e diversas atividades e oficinas foram realizadas durante a semana. O tema da SNM de 2024 foi “Museus, Educação e Pesquisa”.

Museu Campos Gerais

Durante a abertura, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, destacou um atrativo diferente este ano: a ocupação do prédio restaurado do antigo Fórum de Ponta Grossa, sede primeira e definitiva do Museu dos Campos Gerais, que foi restaurado com um investimento de R$10,5 milhões da UEPG. “A Semana dos Museus já é tradicional no nosso Museu Campos Gerais. Agora, com ele completamente restaurado, é uma maneira de abrir o museu para a comunidade e de demonstrar como é necessária a conservação histórica de todos os nossos equipamentos e de nossa cultura imaterial”, afirma o professor Miguel.

O diretor do MCG, professor Niltonci Batista Chaves, destacou na abertura da semana que todo mundo na vida deveria pelo menos por um dia ter a condição de ser diretor de um museu, pois se trata de uma experiência transformadora. “O museu é um espaço de vivência, prática cultural e intensidade o tempo todo. E hoje é mais um dos dias históricos desde que assumi a direção do Museu dos Campos Gerais”, afirma o diretor. Ele ainda reforça que o uso do espaço justamente na Semana dos Museus é inédito. “Hoje é a primeira vez que estamos ocupando esse prédio que ficou 20 anos fechado e que hoje abre ao público. Este é o primeiro evento. Este foi o primeiro prédio tombado pelo Patrimônio Histórico do Paraná em Ponta Grossa”, celebra.

Por falar em Patrimônio Histórico, esse foi o tema da palestra de abertura, ministrada por Vinício Bruni, Diretor de Memória e Patrimônio Cultural da Secretaria de Estado de Cultura do Paraná. Segundo Bruni, existe um equívoco sobre a questão do tombamento de bens imóveis e a utilização do patrimônio cultural. “É aquele mito de que se tombou não se pode fazer mais nada e é melhor ‘deixar cair’. Não é bem assim. As coisas precisam ser preservadas. E se não tombar as pessoas não dão o devido valor histórico”, explica, ao pontuar que o tombamento também tem regras, normativas, leis, tem uma série de pontos que precisam ser observados para após o tombamento o espaço não seja inutilizado, e sim, um benefício para a sociedade.

A sala do júri do prédio histórico do Museu recebeu palestras e mesas-redondas, de 14 a 16 de maio, com troca de conhecimentos entre os participantes. Na tarde de quarta-feira (15), o espaço foi ocupado pelo público para falar sobre “Gênero e moda nos Museus”, com as professoras Talita Medeiros (Unimontes), Priscila Prazeres (Senac Curitiba Centro), e Daniela Novelli (Udesc). De forma virtual as professoras discorreram sobre como a moda e a história andam juntas, e, como através delas a história se conta. Já no período da noite, o diretor da Biblioteca Pública do Paraná, Luiz Felipe Leprevost, debateu com o público sobre iniciativas e projetos executados pela BPP.

Na noite seguinte, último dia de evento, o local recebeu as cadeiras novas para o auditório, juntamente com a palestra ‘Conectando memória e inovação: inteligência artificial nos museus e centros de documentação: apresentando o Napi (Seti/Fundação Araucária)’, com presença do assessor de museus universitários da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), Renê Wagner Ramos. O professor Edson Silva, um dos palestrantes, destacou a importância do trabalho do historiador e sua relação com a tecnologia. “Quando estamos trazendo para o curso de História a tecnologia de produzir essa memória em outros formatos, nós estamos também disputando a nossa possibilidade de criar e produzir e até constituir a memória”, enfatiza.

Museu de Ciências Naturais

Mão na terra. Foi assim que o Museu de Ciências Naturais (MCN) iniciou a programação da Semana, na segunda-feira (13). A oficina Tons da Terra trouxe aos participantes a oportunidade de conhecer a geografia da região, os principais tipos de solo e, para finalizar, teve a oficina de fabricar tintas a partir de materiais naturais.

O conhecimento de aliou à arte no MCN. A palestrante Beatriz Góes é egressa do curso de Artes Visuais e criadora do projeto, que une conhecimento com criatividade. Para ela, além de ser um projeto educativo, também é social. “Ao longo desses anos do projeto, a gente conseguiu levar este trabalho para comunidade carentes, ressignificando o espaço, e estar aqui é uma importância muito grande para mim, pois a UEPG é minha casa, onde tudo começou”, ressalta.

O diretor do Museu de Ciências Naturais, professor Antonio Liccardo, avalia que o evento foi um sucesso, com ampla visitação e diversidade de atividades. “Conseguimos transmitir a filosofia dos museus, de associar pesquisa com extensão e cultura. O Museu nos permite trabalhar com a educação não formal, que tentamos aplicar na Universidade”. Para o diretor, a Semana dos Museus torna claro que é possível unir a produção científica com participação da comunidade e democratização do conhecimento.

O evento revela um dos papéis fundamentais dos museus: quebrar tabus e trazer melhor compreensão do público sobre temas estigmatizados. Tendo esta missão em mente, o MCN promoveu na terça-feira (14) a oficina Conhecendo as Serpentes, ministrada pela doutoranda e bióloga Marilise Meister.  Durante a oficina, Marilise, que atua como bolsista no Museu, apresentou diferentes espécies de serpentes, abordou seus hábitos e explicou formas de identificar quais oferecem riscos às pessoas.

A pesquisadora explica que a ideia para a oficina surgiu, justamente, da proposta da temática para a Semana: Museus, Educação e Pesquisa. “Pensando o museu como espaço de pesquisa, a atividade foi planejada para trabalhar a relação do MCN com a conservação, estimulando o conhecimento. Os museus têm o papel crucial de desafiar ideias preconcebidas”, destaca a ministrante da oficina.

Tudo escuro, surge uma sombra diferente, vindo de milhões de anos atrás… A figura do dinossauro, que é o mascote da Licenciatura em Geografia da UEPG, trouxe descontração para a visita noturna ao MCN, na quarta-feira (15). Para os alunos do primeiro ano do curso, foi o momento de colocar em prática uma preparação de semanas para apresentar a visita mediada. Separados em grupos, eles atenderam ao público que veio conhecer o Museu durante a noite.

A acadêmica Guerra Aparecido fez parte do grupo de monitores e adorou a experiência. “Quando entrei no curso, não esperava apresentar o Museu e ter uma atuação tão abrangente, juntando Geografia, Biologia e História”, contou. Além de estudar o conteúdo, os futuros geógrafos também se prepararam para atender a públicos com diferentes graus de instrução. “Muita gente vê o estudo como um peso, né? Mas o objetivo era fazer com que as pessoas queiram ter acesso ao conhecimento e que isso seja prazeroso”.

Junto à visita do MCN e do Jardim Geológico, o público também se deslumbrou com as estrelas, vistas dentro do planetário que faz parte de um projeto do Observatório Astronômico da UEPG e que está montado ao lado do Museu, no Centro de Convivência. Dentro da grande redoma, o céu noturno ganha pontos de luz e faz os olhos brilharem com as explicações sobre estrelas, planetas e constelações.

Na quinta-feira, foi a vez dos estudantes do Ensino Fundamental 2 do Caic participarem da oficina “Paleontologia na prática: simulando o processo de fossilização”. A turma do sétimo ano teve uma aula teórica sobre fósseis, acompanhada de um passeio pelo museu e, em seguida, uma oficina com conchas, gesso e plantas.

Outros alunos do Caic participaram da oficina “Arqueólogo por um dia”, ministrada pelo professor Moacir Elias Santos, que é Arqueólogo e integrante do projeto do CNPq do Museu de Ciências Naturais. Segundo ele, oficina, que consistia em apreender o que é a Arqueologia, o que é cultura material e o que é um sítio arqueológico, reuniu uma parte teórica e outra prática. “As explicações realizadas na exposição do museu conduziram os participantes para uma nova experiência, a interpretação do trabalho do arqueólogo, feito pelos ‘achados’ que se encontravam em modelo de quadrícula (uma caixa com um metro quadrado) de um sítio arqueológico. Nesta quadrícula com quatro gavetas (representando diferentes camadas de solo que imitavam uma estratigrafia), continham réplicas de peças arqueológicas. Ao encontrá-las por meio de uma escavação simulada os estudantes participantes puderam perceber diferentes tipos de artefatos”, garante o professor.

Ele disse ainda que essa metodologia informa que os bens culturais, que podem consistir em um artefato ou um monumento, não são uma mera ilustração, mas um símbolo inerte dotado de uma potencialidade educativa dinâmica. “O passado pode ganhar vida quando compreendido e valorizado pela sociedade presente”, completa.

“A necessidade da elaboração de atividades de educação patrimonial e ambiental, como as que foram realizadas pela equipe do Museu de Ciências Naturais durante a Semana Nacional dos Museus, é primordial para a extroversão do conhecimento científico a fim de que se possa auxiliar na construção da identidade e da cidadania. Isso porque somente a ideia de pertencimento é capaz de estimular a valorização de um patrimônio natural e ambiental e, consequentemente, a sua preservação. A valorização do patrimônio pode, assim, auxiliar diretamente na conservação de sítios e vestígios arqueológicos que estejam em áreas rurais, pois muitos estudantes residem no campo e frequentam escolas em áreas urbanas”, finaliza o arqueólogo Moacir.

As atividades se estenderam para todas as idades, até sexta-feira (17), com a oficina ‘Reconhecimento Básico de Minerais’.

Texto e fotos: Aline Jasper, Domitila Gonzalez, Gabriel Miguel, Jéssica Natal, Tierri Angeluci


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