A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), via Fundação Araucária (FA), oficializou uma parceria com o governo da Índia por meio do Centro para o Desenvolvimento de Computação Avançada (C-dac) que vai possibilitar a instalação de uma rede de computadores de alto desempenho, também chamados de supercomputadores, alocados nas universidades estaduais do Paraná.
Essa parceria tem sido costurada desde meados de 2020, intermediada pela FA nas pessoas do presidente Ramiro Wahrhaftig, do professor e pesquisador sênior Jorge Edison Ribeiro – responsável pela gestão dos projetos estratégicos dessa parceria – e de Roberto Ferreira Artoni, coordenador dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPI) de Bioinformática e professor da UEPG.
A UEPG será a primeira universidade do Paraná a receber essa tecnologia e irá abrigar o computador de maior potência, o cérebro dessa rede de pesquisa. “Escolhemos a Índia como parceira porque ela foi uma potência que nos abriu a possibilidade de transferência de tecnologia, de know how“, comenta o professor Jorge. “Nós tivemos o infortúnio, na nossa primeira ação, de ter tido o período pandêmico, o que dificultou essa vinda dos indianos para montarem a primeira máquina aqui no Brasil. Então eles montaram lá e nós trouxemos para cá, fizemos os primeiros projetos de prova.”, destaca Artoni.
A partir desse movimento de instalação de um computador com dimensões menores, como sugestão da diretoria da Fundação Araucária, a equipe responsável pelo Napi de Bioinformática deu início à ampliação do projeto para que não somente ocorresse a instalação de um supercomputador, mas sim da implementação de uma rede de computadores de alto desempenho. Trata-se de uma ação de transferência de tecnologia, algo inédito feito nesses moldes no Brasil. “O nosso compromisso com com o C-dac e o deles conosco é de transferir essa tecnologia de supercomputação e nos ensinar, montando as máquinas aqui no Paraná, na UEPG”, completa Artoni.
Com a instalação e a operação dessa rede no Paraná, pesquisadores das áreas da Saúde, Ciências Agrárias e Ciências Biológicas poderão desenvolver seus trabalhos com maior eficiência, contribuindo ainda mais para o avanço da ciência no estado, no país, e abrindo caminho para que outras áreas também se envolvam com esse tipo de tecnologia. Jorge Edson ressalta que esta ação irá englobar o setor produtivo da região. Para Artoni, “nós vamos colocar o estado do Paraná em outro patamar, tanto para o aprendizado dos alunos em nível técnico, nível de graduação e de pós-graduação, assim como também vai ser possível impulsionar a cadeias produtivas”.
Um processo complexo
Jorge Edson conta que é preciso enxergar a supercomputação sob vários aspectos que vão muito além da montagem de uma máquina eficiente, considerando o avanço da ciência e o acúmulo de dados impossíveis de serem analisados com velocidade por um ser humano sem o apoio da computação. “Esses computadores são altamente competentes para realizar cálculos numa velocidade muito alta. Nós temos que pensar no desenvolvimento científico e tecnológico que é hoje muito dependente dessa área”, completa Artoni. O professor Jorge ressalta que atualmente, a Índia se destaca no que diz respeito à construção dessas máquinas, principalmente por conta da National Supercomputing Mission, uma missão nacional para a construção e instalação de uma rede de supercomputadores no país.
Próximos passos
No último dia 15, o embaixador indiano no Brasil Suresh Reddy esteve no Palácio do Iguaçu para uma reunião com o governador do Paraná Carlos Massa Ratinho Junior, juntamente com representantes da Fundação Araucária, para reafirmar a colaboração entre os dois países.
A partir da oficialização da parceria, a UEPG, a Fundação Araucária e o Paraná tornam-se pioneiros, uma vez que o convênio firmado irá possibilitar a autossuficiência na construção e instalação dessa rede de computadores de alto desempenho voltados para pesquisas científicas, interligando as universidades estaduais com alta velocidade de comunicação de dados.
A partir de agora, as tratativas serão ampliadas para que as comitivas de pesquisadores dos dois países possam começar a desenvolver e implementar planos de trabalho que prevejam a instalação do primeiro computador de alto desempenho na UEPG ainda em 2024.
Texto: Domitila Gonzalez | Fotos: Aline Jasper, Jéssica Natal e Fundação Araucária.