Tronco que mostra rastro de tornado integra pesquisa da UEPG

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Existem tornados no Paraná – e eles podem acontecer perto da nossa casa. Pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) podem provar: na manhã desta segunda-feira (20), o grupo recebeu um pedaço de tronco com o rastro do tornado que ocorreu na região de Piraí do Sul. A evidência irá integrar o trabalho que mapeia eventos climáticos no Sul do Brasil.

O tronco foi atingido por lascas de telha de fibrocimento. Pela força do tornado, o objeto incrustou a madeira, que já estava cortada ao meio. Como explica Karin Linete Hornes, professora do Departamento de Geociências da UEPG, os ventos do tornado são tão intensos, que acabam lançando objetos de forma rotacional. “Esses objetos, quando encontram outras estruturas, podem trazer danos severos”, explica. 

O evento climático ocorreu em setembro do ano passado, em uma propriedade rural de Piraí do Sul. O fato da telha ter entrado na madeira mostra a força do tornado e sua capacidade de causar danos materiais e humanos. “Se este tornado tivesse acontecido perto de residências, paredes e até automóveis seriam lançados ao ar,  porque o vórtice os transforma em projéteis, e isso pode atingir pessoas”, afirma. 

Quem acompanhou a ocorrência foi o subtenente do posto da Brigada Comunitária de Piraí do Sul, José Pedro Ferreira da Silva. Ele é egresso do curso de Bacharelado em Geografia da UEPG e auxilia no projeto de mapeamento de tornados na região. “O primeiro caso que  registramos foi em outubro, em algumas propriedades rurais, que tiveram bastante destruição pelos ventos”, conta. 

Ao andar pela região, o grupo encontrou o tronco com as incrustações do telhado. “Os moradores nos relataram que a madeira estava assim antes do ocorrido em outubro, desta forma pudemos mapear outro tornado da mesma magnitude, que havia ocorrido um mês antes”. O grupo, agora, trabalha para mapear o caminho que os tornados fizeram na região.

Registro de tornados em Ponta Grossa

O trabalho continua. Maria Cristina Piotrovski, aluna do Bacharelado em Geografia e integrante do grupo, está mapeando ocorrências tornádicas no Sul, entre 2018 a 2023 – até o momento, foram catalogadas 15 ocorrências neste período. Um dos casos recentes aconteceu em Ponta Grossa, em abril deste ano, na região leste rural da cidade. No caso de Piraí do Sul, os moradores nos relataram muita destruição, e em Ponta Grossa já conseguimos mapear o caminho que o tornado fez por aqui”, explica a aluna.

A região Sul do Brasil é a mais propensa a tornados. Os dados são do grupo de pesquisa da UEPG, que  analisou ocorrências de tornados em todo o país, de 1975 a 2018. O Paraná teve 89 tornados no período, com a maioria acontecendo no período da tarde. Foram 43 anos de ocorrências analisadas no Brasil. Dos 581 fenômenos identificados, 411 tornados ocorreram nos estados do Sul, o que representa 70% dos registros de tornados no país. 

Em termos de desastres climáticos, o que mais acontece em Ponta Grossa são os vendavais, segundo Karin. “Depois, temos chuvas de granizo, que acabam afetando o ponta-grossense. Então são fenômenos que a gente precisa saber que existem e nós precisamos estar planejados e preparados para esse tipo de situação, que é comum”, completa.

Texto e fotos: Jéssica Natal


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