UEPG aplica provas para 136 candidatos no Vestibular dos Povos Indígenas

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A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) participou, nos dias 07 e 08 de maio, da 22ª edição do Vestibular dos Povos Indígenas. A instituição aplicou as provas para 136 candidatos no polo de Manoel Ribas, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá (UEM). O trabalho ocorreu por meio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), professores e alunos indígenas da UEPG, que aplicaram as provas e auxiliaram os candidatos.

O Vestibular Indígena ocorre de forma descentralizada em sete polos do Paraná – Mangueirinha, Manoel Ribas, Apucaraninha, Santa Helena, Nova Laranjeiras, Cornélio Procópio e Curitiba, os quais são escolhidos de acordo com a proximidade das comunidades indígenas, para facilitar o acesso e o transporte. A pró-reitora da Prae, professora Ione Jovino, ressalta que a UEPG, além de trabalhar na aplicação das provas, também atua na organização do Vestibular, nas discussões e deliberações que antecedem o evento.  “É importante porque nos obriga a conhecer, conviver e aprender com indígenas, muda nossa política linguística, por exemplo”. A convivência com os candidatos é fator importante para Ione. “Talvez seja uma questão até maior que o número de indígenas que estão inseridos ou precisam acessar o ensino superior. Faz com que avancemos na construção de uma pluralidade forjada nas relações do dia a dia”, completa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

No primeiro dia, os candidatos passam por uma prova oral. A prova objetiva e redação é aplicada no segundo dia, com questões de português, biologia, matemática, física, química, história, geografia e de línguas – inglês, espanhol, guarani ou kaingang. Walace Raulino Sampaio participou da fiscalização das salas durante as provas. Aluno indígena da UEPG, ele ressalta a importância do Vestibular como porta de entrada de estudantes. “Somos um povo que vem há 523 anos sofrendo, então as políticas acabam estabelecendo uma ajuda a mais para os indígenas lutarem pelos seus direitos”, destaca.  O Vestibular Indígena contribui para que mais profissionais auxiliem suas comunidades. “A maioria  dos indígenas optam pelos cursos da saúde e educação, pois eles podem voltar e dar retorno para a aldeia, assim temos cada vez mais egressos na luta dos povos indígenas”, completa.

O Vestibular

O processo de escolha dos cursos é diferente do vestibular tradicional – primeiro são feitas as provas e depois a opção pelo curso, de acordo com a classificação. Na UEPG, são seis vagas destinadas aos estudantes aprovados no Vestibular dos Povos Indígenas. Julia Isabela de Souza é aluna de Pedagogia e sabe como é ser candidata por este processo de seleção. “É muito importante que as universidades tenham cada vez mais essa inclusão de estudantes indígenas, pois nós também temos essa capacidade de entrar numa graduação, ser e fazer a universidade, sermos o que quisermos”, ressalta. Antes como candidata, Julia retornou ao Vestibular para trabalhar como fiscal de provas. “Foi muito legal trabalhar lá e ver o quanto cada vez mais há a vontade desses alunos de fazer uma graduação, de entrar na universidade. Espero que eles passem que consigam o objetivo que eles foram buscar”.

O Vestibular dos Povos Indígenas foi criado em 2001 e é uma ação afirmativa paranaense, que assegura o direito dos povos originários à educação, conforme determina a Constituição Federal de 1988 e a Lei Estadual nº 14.453/2004, com amparo também nas leis nº 13.134/2001 e nº 14.995/2006. A iniciativa é coordenada pela Comissão Interinstitucional para Acompanhamento dos Estudantes Indígenas (Cuia), com representação das universidades públicas paranaenses e das lideranças indígenas de diferentes grupos étnicos.

“Ocorreu tudo de forma muito tranquila, vejo que os candidatos estão cada vez mais bem preparados para fazerem as provas”, avalia a professora Letícia Fraga, que trabalhou na aplicação das provas. Para ela, é necessário que as políticas de inclusão de pessoas indígenas ao ensino superior sejam cada vez mais construídas em diálogo com as comunidades. “A gente precisa ter uma avaliação nas comunidades, para saber o que está acontecendo e, a partir disso, fazer as mudanças, para que seja uma política efetiva”. A troca de experiências entre candidatos e instituições foi positiva para a professora. “As equipes se apoiaram, dividiram as responsabilidades, então é um momento de experiência muito bom, pra gente pensar a política da presença dos estudantes indígenas na nossa universidade, que é um momento de acesso”, finaliza. A divulgação dos resultados está prevista para 31 de maio de 2023. Todas as vagas são preenchidas. Quando há desistência, o próximo classificado é convocado.

Representaram a UEPG no Vestibular dos Povos Indígenas: pró-reitora da Prae, professora Ione Jovino; pedagoga da Prae, Iomara Favoretto; professoras Letícia Fraga e Ivana de Freitas Barbola; e acadêmicos indígenas Wallace Raulino Sampaio (Direito), Julia Isabela de Souza (Pedagogia) e Mateus Henrique Claudino (Medicina).

Depois da aprovação

Os aprovados recebem um auxílio financeiro mensal de R$ 1.125,00 (para estudantes sem filhos), e R$ 1.687,50 (para indígenas com filhos). A bolsa é atrelada à frequência, que precisa ser de, no mínimo, 75%. A UEPG também fornece alimentação, com isenção no Restaurante Universitário (RU), e vale-transporte até a universidade.

Texto: Jéssica Natal | Foto de Capa: UEM | Fotos Internas: Divulgação


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