Zoli de Oliveira e seus 30 anos dedicados à UEPG

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Parceira, alegre, competente, brava, determinada. Adjetivos que Zoli Catarina Zacharias de Oliveira recebe de alguns dos seus colegas de trabalho e que fazem síntese do que foram os 30 anos dedicados à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Depois de atuar no Departamento de Ciências Biológicas e em vários outros setores, Zoli acaba de se aposentar da instituição.

A história com a UEPG inicia em 1993, quando fez a inscrição para o concurso de técnica administrativa.  A convocação saiu no mesmo ano da prova e Zoli foi trabalhar no Departamento de Biologia Geral, como auxiliar de laboratório. O trabalho desenvolvido lhe deu a capacidade de ser mais crítica e independente.

Zoli sempre gostou de desafios. Meses depois, ela foi remanejada para o Debiogem (Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética), no laboratório de microbiologia, com a supervisão do professor Marcos Pileggi, o qual também se tornou seu amigo.

Marcos a descreve como a “leoa” do laboratório. “Quando um aluno aprontava, ela brigava mesmo, a Zoli sempre foi muito brava”, brinca. Dentre os fatos marcantes que viveram juntos, o professor lembra de um incidente no laboratório, quando ainda usavam botijões de gás de 13Kg para as aulas. “As chamas estavam todas acesas e ela foi trocar um botijão para nós. O pino de segurança acabou estourando, mas eu consegui prender com meu canivete. Só eu e a Zoli ficamos, os alunos todos fugiram apavorados”, relembra.

A ajuda mútua entre os dois fica marcada na memória de Marcos. “Muito mais do que colegas, ela foi minha amiga. Nós passamos por momentos muito difíceis e a gente sempre procurou se ajudar. Sempre podia ter nela um ombro amigo”, completa.

Em 2009, Zoli aceitou um novo desafio como secretária do Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética (Debiogem). “Até fiquei chateado com o fato dela sair e não trabalharmos mais juntos”, conta Marcos. Neste cargo, Zoli conheceu a professora Mara Matiello, sua supervisora, que a ensinou toda a parte burocrática da função.

A mulher guerreira, que batalha pela sua família, que sempre buscou se atualizar e se envolver em iniciativas da Universidade vem à memória de Mara quando fala de Zoli. “Fomos juntas trabalhar, eu como chefe de departamento e ela na secretaria. As duas sem experiência, mas com muita vontade, e assim aprendemos juntas todas as habilidades que um departamento exige”, conta.

Mara relembra o cuidado de Zoli com as obrigações do Departamento. “Ela sempre nos lembrava dos prazos a cumprir, diários de classe e relatórios. Quando chegava o prazo de entrega, lá vinha o e-mail da Zoli ‘entrega de relatório dia x'”.

Pós-Graduação

O ano de 2011 chegou para trazer mais um desafio na vida de servidora. Zoli foi transferida para secretaria do Programa de Pós-Graduação em Biologia Evolutiva em Ciências Biológicas. “Foi desafiador, porém, tive um ótimo professor, o Roberto Artoni, um amigo para sempre. Isso prova que quando temos amigos, nada é impossível. Agradeço a todos do Departamento”, conta Zoli.

O professor Roberto já a conhecia antes de iniciar o novo projeto de pós-graduação, quando ela ainda era técnica de laboratório da microbiologia. Quando ela foi cedida ao departamento, todos se deram bem com ela. “Uma pessoa de muita educação, sempre tratou bem o público, sempre esteve presente até fora do horário de trabalho, sempre foi parceira”, explica Roberto.

Zoli trabalhou intensamente na consolidação da pós. Mesmo com todas as dificuldades de infraestrutura, buscou alternativas para superar as dificuldades. Roberto destaca que a principal característica que notou na colega é sua facilidade em fazer e manter amizades.  “Em uma festinha que fizemos de despedida, antes mesmo dela entrar com as licenças oficiais de aposentadoria, nós lotamos o auditório da pós. Estiveram presentes servidores de vários blocos, pois todos tinham muita amizade com ela”, conta.

Lutas

O trabalho não se restringiu ao laboratório de biologia. Zoli também foi uma servidora de lutas dentro da Universidade. Entre 2012 a 2016, foi vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Estaduais de Ensino Superior (Sintespo). Segundo Zoli, o cargo lhe serviu porque acreditava que a mais honrosa das ocupações é servir ao público e ser útil ao maior número de pessoas. “Sempre tive convicções firmes e sou extremamente prática, procurei fornecer respostas, tenho sensibilidade ao sentimento e à necessidade do meu próximo”, explica.

Emerson Barbosa, presidente do Sindicato na época, destaca que Zoli sempre atuou com responsabilidade e respeito com a UEPG e os servidores. “Foi uma guerreira e batalhadora dos direitos dos trabalhadores, esteve ao nosso lado na luta por melhorias e reconhecimento dos direitos de professores e técnicos”.

Zoli esteve presente em vários momentos de luta para o ensino público, como no dia 29 de abril de 2015, na Assembleia Legislativa do Paraná. “Assisti e senti de perto uma violência desumana”, conta ela.  A servidora também participou da conquista do Plano de Cargos, Carreiras e Salários para os técnicos, em dezembro de 2012. A aprovação permitiu uma nova estrutura da carreira técnica universitária, na qual foram inseridas as gratificações de titulação, atividade de saúde e de segurança patrimonial.

Conquistas

Outras conquistas pessoais também aconteceram. Em 2012, Zoli se formou no curso de Administração e em 2015 veio o diploma de Especialização em Gestão Pública. Também foi representante da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes em 2000, 2003 e 2010.

De 2014 a 2016, representou o Conselho de Administração, onde, juntamente com os demais participantes, protocolou a solicitação da alteração do Plano de Capacitação Técnica Administrativa CPCTA. O Plano foi aprovado em 2019.

Tragédias

Nem apenas de conquistas Zoli de Oliveira viveu. Uma grande tragédia assolou sua vida em 2017, com a perda de seu filho. “Conheço a família da Zoli, orientei uma filha dela, participei da banca e, quando o menino dela faleceu, foi um baque”, conta o professor Marcos Pileggi. Apesar dos problemas, Marcos frisa a característica determinada da colega. “Eu também tive vários problemas e a Zoli sempre demonstrou ser companheira e me ajudou em tudo o que podia, sentirei saudades de trabalhar com ela”.

“Ela passou por um momento muito difícil, até imaginei que perderíamos aquela Zoli que estávamos acostumados, mas ela conseguiu superar este momento e se reerguer pessoalmente”, relembra Mara Matiello. Para ela, fica impossível passar pela secretaria da pós-graduação em Biologia Evolutiva e não enxergar a Zoli sentada. “Mas o trabalho e amizade dela estará sempre nos nossos corações e nas nossas boas lembranças”, completa. 

 Três décadas

Trabalhar por 30 anos na Universidade deu a Zoli a oportunidade de acompanhar o crescimento da estrutura física, da implementação de novos cursos e testemunhar o desenvolvimento tecnológico. “A minha caminhada na UEPG foi extraordinária, conheci pessoas maravilhosas, desde professores, colegas e alunos. Muitos já se aposentaram, mas as lembranças desses tempos nunca se aposentam”.

Zoli destaca a gratidão ao reitor Miguel Sanches Neto, Giovani Marino Favero e equipe e a todos do bloco M. “A Universidade me deu muitas oportunidades e eu soube aproveitar, acho que cumpri o meu papel da melhor maneira, saio com muitas recordações e sentimento de dever cumprido”, finaliza.

Texto: Jéssica Natal |  Fotos: Arquivo pessoal dos entrevistados

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